Crise na Índia deve prolongar escassez de vacinas, diz chefe do Instituto Serum

Estimativa de Adar Poonawalla é de gargalos na distribuição global dos imunizantes contra a Covid-19 até junho

O aumento dos contágios e mortes por Covid-19 na Índia deve prolongar a escassez de vacinas no país até julho, estimou o chefe do Instituto Serum, Adar Poonawalla, ao britânico “Financial Times”.

De acordo com Poonawalla, só a partir do segundo semestre a produção de vacinas aumentará de 70 milhões para cerca de 100 milhões de doses por mês. A Índia vive o pior surto de contágios pelo coronavírus no mundo e já se aproxima dos 20 milhões de infectados.

As autoridades indianas não se prepararam para uma segunda onda após janeiro, quando os números começaram a diminuir. “Todos realmente sentiam que a Índia havia começado a virar a maré da pandemia”, relatou. O país relatou 400 mil novas contaminações neste domingo (2). Várias cidades estão bloqueadas, incluindo a capital Nova Délhi.

Crise na Índia deve prolongar escassez de vacinas à Covid-19 até julho, diz chefe do Instituto Serum
Infectada com Covid-19 se isola com respirador em hospital de Nova Délhi, Índia, 2 de maio de 2021 (Foto: Unicef/Amarjeet Singh)

Como não houve pedido, o Instituto Serum avaliou que não seria necessário produzir mais de um bilhão de doses por ano. O fato de a Índia, com seus 1,3 bilhão de habitantes, ter inaugurado a vacinação para todos os adultos fez com que a organização precisasse buscar novas fontes de suprimentos.

Conforme Poonawalla, Nova Délhi encomendou 21 milhões de vacinas do Instituto Serum e não deu indicação de quando compraria mais. Um adicional de 110 milhões foi solicitado em março, quando o país entrou em situação de emergência com o segundo surto de infecções.

Até agora, menos de 2% da população indiana recebeu o imunizante e vários estados relatam não ter vacinas. O instituto, que produz as doses desenvolvidas pela AstraZeneca com a Universidade de Oxford, do Reino Unido, já planeja iniciar a produção em outros países, confirmou Poonawalla.

“Completamente incorreto”, refuta Nova Délhi

O governo da Índia negou as afirmações sobre as vacinas. “Completamente incorreto e não baseado em fatos”, disse o ministério da Saúde, reportou o diário indiano “India Today”. Nova Délhi afirma que fez o pagamento adiantado para mais 110 milhões doses da vacina no dia 28 de abril. As doses deveriam ser entregues entre maio e julho.

Em comunicado, o governo de Narendra Modi também diz que depositou o valor no mesmo dia que o adicional para a aquisição de 20 milhões de doses do Covaxin, vacina desenvolvida no país.

O chefe do Instituto Serum acusa o primeiro-ministro de priorizar a política interna sobre a crise de saúde ao permitir comícios eleitorais em massa e a realização do Kumbh Mela, festival religioso hindu que reuniu milhões de pessoas em 13 de abril, segundo a BBC.

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