Europa e Ásia Central estão de volta ao epicentro da pandemia, diz a OMS

Estimativa projeta que, caso tendência siga, meio milhão de mortes podem ocorrer nos dois continentes até fevereiro

Perto de completar dois anos desde que os primeiros casos de Covid-19 foram notificados e quase 12 meses depois de as primeiras vacinas terem sido aprovadas, os casos notificados e as mortes pelo coronavírus estão aumentando novamente na Europa e Ásia Central. As informações são da ONU News.

O alerta veio do diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, falando a jornalistas em Genebra nesta quinta-feira (4).

Mais de 5 milhões de mortes já foram relatadas, e a OMS acredita que o número real é maior. Mais de 50 mil pessoas estão perdendo suas vidas todas as semanas. Nos últimos sete dias, 56 países, de todas as regiões, relataram um aumento nas mortes de mais de 10%.

Tedros destacou relatos sobre a falta de leitos em unidades de terapia intensiva, falta de suprimentos, trabalhadores de saúde sobrecarregados e hospitais adiando outros procedimentos necessários.

A Moldávia foi o primeiro condado europeu a receber vacinas por meio do consórcio Covax Facility (Foto: UN Moldova/Divulgação)

“Deixe-me ser bem claro: isso não deveria estar acontecendo”, disse ele. “Temos todas as ferramentas para prevenir a transmissão do Covid-19 e salvar vidas, e continuamos a apelar a todos os países para que usem essas ferramentas.”

Reportagem do jornal britânico The Guardian mostra que Alemanha relatou um número recorde de casos nesta quinta-feira, com 33.949 infecções nas últimas 24 horas, em comparação com uma alta anterior de 33.777 novos casos em dezembro de 2020. O ministro da Saúde, Jens Spahn, se reunirá com os ministros da saúde estaduais para discutir o enfrentamento antes da chegada do inverno.

A relutância com vacinação no leste europeu também tem causado surtos. Bulgária e Romênia, os dois países do leste da União Europeia (UE) com as taxas de vacinação mais baixas do bloco – 25,5% e 37,2% de adultos, respectivamente – relataram esta semana o maior número de mortes diárias por coronavírus desde o início da pandemia.

Mais vacinas

Na quarta-feira (3), a OMS adicionou mais uma nova ferramenta, com a Lista de Uso de Emergência da Covaxin, a 8ª vacina a receber validação do órgão.

Sobre esse assunto, Tedros continuou apontando a desigualdade na distribuição de vacinas, dizendo que a maioria dos países de baixa renda está contando com a iniciativa internacional Covax, apoiada pela ONU. Segundo ele, a iniciativa tem o dinheiro e os contratos necessários, mas “os fabricantes não fizeram a sua parte”.

“Não se deve mais vacinar em países que já vacinaram mais de 40 por cento de sua população, até que a Covax tenha as vacinas de que precisa para ajudar outros países a chegar lá também”, argumentou.

Ele enfatizou que não deveriam ser administrados mais reforços, exceto para pessoas imunocomprometidas, e repetiu seu apelo para uma moratória nas injeções extras.

Nova onda

De acordo com a OMS, todos os países da Europa e Ásia Central enfrentam uma ameaça real de ressurgimento do Covid-19, ou já estão lutando contra ela.

Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, o diretor regional da OMS para a Europa disse que o ritmo atual de transmissão nos 53 países da Região Europeia da OMS é “de grande preocupação”.

De acordo com Hans Kluge, os casos estão mais uma vez se aproximando de níveis recordes, com a variante Delta mais transmissível continuando a dominar a transmissão.

Nas últimas quatro semanas, o continente viu um aumento de novos casos acima de 55%. Na semana passada, a Europa e a Ásia central foram responsáveis ​​por 59% de todos os casos em todo o mundo e 48% das mortes relatadas.

“Estamos, mais uma vez, no epicentro”, disse Kluge, acrescentando que as taxas de internação por Covid-19 mais do que dobraram em uma semana.

Existem tendências crescentes em todas as faixas etárias, mas 75% dos casos fatais ocorrem em pessoas com 65 anos ou mais. Uma estimativa prevê que, se os países mantiverem essa trajetória, poderão ocorrer mais meio milhão de mortes na Europa e na Ásia Central, até 1º de fevereiro do próximo ano.

Vacinas e medidas sociais

Segundo o diretor regional da OMS, existem duas razões para este aumento: cobertura vacinal insuficiente e flexibilização das medidas de saúde pública e sociais.

“Apesar dos casos quase recordes de Covid-19, as novas mortes estão em aproximadamente metade dos níveis máximos. Isso reflete os efeitos das vacinas que salvam vidas e a tarefa hercúlea das autoridades de saúde, da força de trabalho da saúde e das comunidades, de desenvolver, administrar e aceitar vacinas”, disse Kluge.

Até agora, um bilhão de doses já foram administradas na Europa e na Ásia Central.

Países da Europa e Ásia Central estão, no entanto, em estágios diferentes dentro da pandemia. Em média, apenas 47 por cento das pessoas completaram a vacinação. Enquanto oito países já ultrapassaram a cobertura de 70%, em dois países a taxa permanece abaixo de 10%.

“As vacinas estão realmente fazendo o que deveriam: prevenir doenças graves e a morte”, garantiu Kluge.

Em relação às medidas de saúde pública e sociais, ele disse que testes, rastreamento de contato, ventilação em espaços internos e distanciamento físico continuam fazendo parte do arsenal defensivo.

“São medidas experimentadas e testadas que permitem que vidas continuem enquanto controlam o vírus e evitam bloqueios generalizados e prejudiciais”, argumentou.

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