Grupo de 14 países questiona relatório da OMS sobre origens da Covid-19

Países questionam rigor em investigação, cuja conclusão indica que vírus se originou do consumo de animais

Um grupo de 14 países levantou preocupações sobre o relatório lançado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) acerca das origens da Covid-19 em Wuhan, na China, reportou a agência catari Al-Jazeera.

O documento divulgado nesta terça (30) aponta que é “extremamente improvável” que o vírus tenha vazado de um laboratório. Beijing já rejeitou as suposições, levantadas pela primeira vez pelos EUA.

O mais provável é que o vírus tenha sido introduzido em humanos via hospedeiro intermediário – ou seja, de animais para humanos, diz o relatório final. Os resultados têm base em uma visita de 17 especialistas da OMS a Wuhan em janeiro. O grupo de países, porém, questiona a falta de acesso total aos dados e cita atrasos na conclusão do laudo.

Grupo de 14 países questiona relatório da OMS sobre origens da Covid-19
Agente de saúde russa inocula cidadã com dose da vacina Sputnik V em Moscou, março de 2021 (Foto: FMI/Sergey Ponomarev)

Washington lidera o grupo junto do Canadá, República Tcheca, Dinamarca, Estônia e Israel. Os países foram os primeiros a lançar comunicados sobre a “preocupação” sobre o estudo internacional realizado em Wuhan.

Em seguida,

Japão, Letônia, Lituânia, Noruega, Coreia do Sul, Eslovênia e Reino Unido também assinaram a declaração. As nações sinalizaram que apoiam os esforços da OMS, mas questionam os atrasos e a falta de dados e amostras originais completas da investigação.

O governo da China criticou a manifestação. “Politizar esta questão só prejudicará a cooperação global no estudo das origens, colocará em risco a cooperação antipandêmica e custará mais vidas”, disse o governo chinês. Em nota, Beijing afirma que demonstrou “plena abertura, transparência e atitude responsável” com a equipe da OMS.

A investigação

Pouco antes de os países manifestarem suas preocupações, o diretor da OMS, Tedros Ghebreyesus, também exigiu novas pesquisas para chegar a “conclusões mais robustas” sobre as origens da Covid-19. “Não acredito que a avaliação tenha sido extensa o suficiente”, afirmou.

Quando divulgou os resultados preliminares, em fevereiro, a OMS já havia sinalizado para a necessidade de mais estudos sobre as origens da Covid-19. Nesta terça-feira, Peter Ben Embarek, o chefe da missão que viajou a Wuhan, afirmou que o relatório “não é estático, mas dinâmico” e acrescentou que já há previsão de novas análises.

Conforme Embarek, não há provas ou evidências que sugiram que os laboratórios de Wuhan tenham se envolvido em um acidente de vazamento. “Mas também não é impossível. Já vivemos acidentes em laboratórios no passado. Só não ouvimos ou vimos nada que justificasse uma conclusão diferente”, disse.

O co-líder da investigação na China, Liang Wannian, porém, apontou que todos os pesquisadores tiveram acesso aos mesmos dados. “A parte chinesa da pesquisa conjunta já foi concluída”, disse. Em janeiro, a OMS sinalizou que cruzaria os dados globais para verificar hipótese do vírus ter surgido fora de Wuhan.

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