Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
Na sexta-feira (12), a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou uma atualização sobre a circulação do vírus causador da Covid-19 e de outros patógenos respiratórios, destacando a preocupação com o aumento de casos graves.
De acordo com a diretora de Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da OMS, Maria Van Kerkhove, houve um aumento de 42% em hospitalizações e de 62% em internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) entre novembro e dezembro de 2023.
A especialista afirmou que, devido à temporada de férias e às festividades da virada do ano, os números podem subir ainda mais em janeiro. Ela lamentou a falta de dados sobre a doença, indicando que os números de hospitalização vêm de apenas 29 países e os de internação de 21 países.
Maria Van Kerkhove disse que a falta de notificação pelos governos gera “pouca visibilidade sobre o impacto”, mas afirmou que neste número limitado de países “há centenas de milhares de pessoas hospitalizadas neste momento”.
Ela disse que a circulação real do vírus Sars-Cov2 é algo entre 2 e 19 vezes maior do que o relatado e o grande desafio é o fato dele continuar evoluindo na medida em que segue “circulando desenfreadamente”.
Principais variantes
Existem basicamente dois grupos de vírus que circulam atualmente, as sub-linhagens XB, que estão em queda, e as linhagens BA.2.86, que estão aumentando, especialmente a variante JN.1, que representa 57% dos casos atuais. Não há ainda nenhuma indicação de que esta variante esteja associada a uma maior gravidade.
A representante da OMS afirmou que os níveis de impacto não se comparam aos observados no pico da pandemia em 2021, 2022 e mesmo no início de 2023, mas lembrou que a doença continua sendo uma ameaça de saúde pública.
Mesmo tendo reduzido drasticamente o impacto, cerca de dez mil mortes ainda ocorrem todo mês. A informação leva em conta dados de apenas 50 países. De todos os óbitos registrados em dezembro de 2023, metade deles ocorreu nos Estados Unidos.
Circulação simultânea com gripe e pneumonia
Além disso, Maria Van Kerkhove citou estimativas recentes que sugerem que 6% das infecções sintomáticas resultarão em condições pós-Covid, que podem afetar vários órgãos.
Outra preocupação sinalizada pela diretora de Preparação e Prevenção da OMS é a circulação simultânea da Covid e outros patógenos respiratórios nesta temporada de inverno, especialmente no hemisfério norte.
Isso inclui a gripe, o vírus rsv, o rinovírus e uma série de bactérias como a pneumonia por mycoplasma, que ocorre em ciclos de 4 a 5 anos e afeta especialmente crianças em idade escolar.
A especialista afirmou que “o fardo evitável da Covid-19 está aumentando o fardo de outras doenças respiratórias”.
Legado do combate à Covid-19
Por isso, ela defendeu que mesmo diante de um impacto reduzido da Covid-19 é preciso evitar a propagação da doença com exames adequados, uso de antivirais, atendimento clínico e vacinação.
A OMS está trabalhando com os governos para garantir que o legado do combate à Covid-19 no fortalecimento dos sistemas de vigilância, da proteção comunitária e do controle da prevenção de infecções seja mantido para lidar com as ameaças atuais e futuras.
Até o final de 2023, foram registradas mais de sete milhões de mortes por Covid-19.