OMS: Ritmo lento de vacinação pode agravar pandemia na Europa

Apenas 4% dos europeus estão imunizados; para diretor, início da campanha causou “falsa sensação de segurança”

Este conteúdo foi publicado originalmente pelo portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

A Organização Mundial da Saúde, OMS, afirmou que acelerar a vacinação contra a Covid-19 na Europa é crucial após o surgimento de novos casos. 

Na semana passada, a transmissão aumentou na maioria dos países da região, com 1,6 milhão de contaminações e cerca de 24 mil mortes. 

Vacinação

O novo coronavírus está afetando todas as faixas etárias com exceção de pessoas acima de 80 anos. Neste grupo, houve declínio constante de contágios e mortes desde o início deste ano. 

OMS: Ritmo lento de vacinação pode agravar pandemia na Europa
Doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford, em fevereiro de 2021, em hospital da Catalunha, Espanha (Foto: Divulgação/

No Reino Unido, que começou a imunizar em dezembro, as vacinas podem ter salvado mais de 6 mil pessoas acima de 70 anos. 

Em comunicado, o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Henri P. Kluge, disse que “as vacinas são a melhor saída para a pandemia.” Ele afirmou, no entanto, que “o lançamento dessas vacinas é inaceitavelmente lento.” 

Para Kluge “enquanto a cobertura permanecer baixa, será preciso aplicar as mesmas medidas sociais e de saúde pública do passado, para compensar os atrasos.” 

Ao mesmo tempo, ele defende uma aceleração aumentando a fabricação, reduzindo as barreiras à administração de vacinas.

Balanço

Até o momento, apenas 10% da população total da região recebeu 1 dose de vacina e 4% terminaram sua imunização.  

Para Kluge, o início do processo deu “uma falsa sensação de segurança às autoridades e ao público, que é considerável e representa um perigo.” 

Todos os países de alta renda da região estão vacinando, mas apenas 80% das nações de renda média alta e 60% dos países de renda média baixa e baixa já começaram o processo. Até o momento, 10 Estados-membros receberam doses por meio da iniciativa Covax, a parceria da OMS para vacinas. 

Nesse momento, 27 países estão em confinamento parcial ou total. Nas últimas duas semanas, 23 nações aumentaram as restrições, enquanto 13 abrandaram as medidas. 

Crise

Em toda a região, 50 países ou territórios relataram a variante B.1.1.7, inicialmente detectada no Reino Unido, e agora a variante predominante. Como essa cepa é mais transmissível e pode aumentar o risco de hospitalização, tem maior impacto na saúde pública e ações adicionais são necessárias para seu controle. 

De todas as regiões, a Europa continua a ser a segunda mais afetada, com o número total de mortes chegando  a 1 milhão e  prestes a ultrapassar 45 milhões de contaminações. 

Em comunicado, a diretora regional de Emergências da OMS para a Europa, Dorit Nitzan, disse que “agora a situação da região é mais preocupante do que em vários meses.” 

OMS: Ritmo lento de vacinação pode agravar pandemia na Europa
Mulheres trabalham nos testes das vacinas contra a Covid-19 em outubro de 2020, no Reino Unido (Foto: Universidade de Oxford/John Cairns)

Segundo a especialista, existem riscos associados ao aumento da mobilidade e reuniões durante os feriados religiosos. Muitos países estão introduzindo novas medidas e todos devem seguir as instruções ao máximo.  

Dívida pública

Num relatório separado, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, mostra que um em cada oito países no mundo gasta mais com dívidas do que com serviços sociais. 

A pesquisa, com o título “Covid-19 e a crise da dívida iminente”, mostra que 25 governos gastaram mais com o serviço da dívida em 2019 do que com os setores da educação, saúde e proteção social combinados.  

A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, disse que os custos pessoais e públicos deste problema “são enormes, deixando as crianças, suas comunidades e seus países com poucas esperanças de um desenvolvimento econômico e social sustentável.” 

Proteção infantil

Segundo o relatório, os gastos com educação já se contraíram no ano passado. Países endividados também cortaram investimentos em proteção infantil, nutrição e água, saneamento e serviços de higiene. 

Henrietta Fore afirma que “o alívio e a reestruturação abrangentes da dívida são essenciais para garantir uma recuperação que seja inclusiva e sustentável, para que as crianças não suportem o duplo fardo da redução dos serviços sociais agora e do aumento da dívida no futuro.”  

Para a chefe do Unicef, “é fundamental que agências internacionais, credores e governos nacionais ajam juntos para reduzir o peso da dívida e direcionar a poupança para investimentos sociais inclusivos.”

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