Um terço do planeta não recebeu nenhuma dose da vacina contra Covid-19, diz OMS

Número inclui a chocante porcentagem de 83% dos cidadãos africanos sem vacinação. Vírus já tirou mais de seis milhões de vidas

Um terço da população mundial ainda não recebeu uma única dose sequer da vacina contra Covid-19. Neste número está incluída a chocante porcentagem de 83% de todos os cidadãos da África, de acordo o chefe da OMS (Organização Mundial da Saúde) Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Isso não é aceitável para mim e não deveria ser aceitável para ninguém”, disse Ghebreyesus na quarta-feira (30). “Se os ricos do mundo estão desfrutando dos benefícios da alta cobertura vacinal, por que não deveriam os pobres do mundo? Algumas vidas valem mais do que outras?”.

O chefe da OMS anunciou que, para enfrentar ameaças futuras em pé de igualdade com o vírus que já tirou mais de seis milhões de vidas e infectou mais de 483 milhões de pessoas, será lançada uma nova estratégia para ampliar a vigilância genômica, para patógenos mortais que tenham “potencial epidêmico e pandêmico”.

Ele também revelou o Plano Estratégico de Preparação, Prontidão e Resposta atualizado para a Covid-19. “Este é o nosso terceiro plano estratégico para a Covid-19. Pode e deveria ser o nosso último”, disse Ghebreyesus, traçando os cenários possíveis de como a pandemia poderá evoluir neste ano.

Idoso recebe dose da vacina à Covid-19 em Lima, Peru, março de 2021 (Foto: Unicef/Jose Vilca)

O cenário mais provável é o de que o vírus continue a evoluir, mas a gravidade da doença que ele causa seja reduzida com o tempo, à medida que a imunidade aumenta devido à vacinação e infecção.

“Picos periódicos de casos e mortes podem ocorrer à medida que a imunidade diminui, o que pode exigir reforço periódico para populações vulneráveis. Na melhor das hipóteses, podemos ver surgir variantes menos graves e não serão necessários reforços ou novas formulações de vacinas”, disse ele.

Mas, na pior das hipóteses, uma variante mais virulenta e altamente transmissível pode surgir, mais cedo ou mais tarde. Contra essa nova ameaça, a proteção das pessoas contra doenças graves e morte, por vacinação ou infecção prévia, “vai diminuir rapidamente”, afirmou Ghebreyesus.

Enfrentar essa situação exigiria alterar significativamente as vacinas atuais e garantir que elas cheguem às pessoas mais vulneráveis ​​a doenças graves, disse ele.

O chefe da agência de saúde da ONU estabeleceu cinco áreas estratégicas nas quais os governos precisam se concentrar e investir:

  • Vigilância, laboratórios e inteligência em saúde pública;
  • Vacinação, saúde pública e medidas sociais e comunidades engajadas;
  • Cuidados clínicos para Covid-19 e sistemas de saúde resilientes;
  • Pesquisa e desenvolvimento e acesso equitativo a ferramentas e suprimentos;
  • Coordenação, à medida que a resposta passa do modo de emergência para o gerenciamento de doenças respiratórias de longo prazo.

“Temos todas as ferramentas necessárias para controlar essa pandemia: podemos impedir a transmissão com máscaras, distanciamento, higiene das mãos e ventilação; e podemos salvar vidas garantindo que todos tenham acesso a testes, tratamentos e vacinas”.

A vacinação equitativa continua sendo a ferramenta mais poderosa à disposição do mundo para salvar vidas, lembrou Ghebreyesus. Esforçar-se para vacinar 70% da população de todos os países continua sendo essencial para controlar a pandemia, com prioridade para profissionais de saúde, idosos e outros grupos de risco.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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