Anistia Internacional denuncia ‘escalada maciça’ na repressão após prisão de oposicionista na Turquia

Organização condena prisões em massa, restrição a redes sociais e proibição de protestos como tentativa de sufocar dissidência

A Anistia Internacional denunciou a recente onda de repressão política na Turquia, que incluiu a detenção de mais de cem pessoas, entre elas o prefeito de Istambul, Ekrem İmamoğlu, sob alegações de “corrupção” e “terrorismo”. Para a organização, as medidas adotadas pelo governo turco representam um grave avanço autoritário e um ataque direto à oposição política, a poucos dias de uma decisão crucial para o Partido Republicano do Povo (CHP).

“Embora a utilização de alegações vagas de antiterrorismo como arma para deter e processar oponentes não seja nova, essas últimas detenções e restrições associadas representam uma intensificação alarmante do direcionamento de críticos reais ou percebidos, da oposição principal e outros, e uma sufocação adicional da capacidade da sociedade civil de exercer seu direito à liberdade de expressão, associação e reunião pacífica”, declarou Dinushika Dissanayake, vice-diretora regional da Anistia para a Europa.

O presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan em 2015 (Foto: Presidência da Federação Russa/Divulgação)

A perseguição a İmamoğlu ocorre no momento em que ele despontava como candidato presidencial do CHP, que realiza suas primárias em 23 de março. Além das detenções, o governo proibiu manifestações por quatro dias em Istambul, fechou vias estratégicas da cidade e restringiu o acesso às plataformas X, YouTube, Instagram e TikTok, segundo monitoramento da NetBlocks.

“O drástico retrocesso dos direitos humanos testemunhado na Turquia na última década preparou o terreno para um nível de impunidade para violações de direitos humanos que deve ser desafiado”, afirmou Dissanayake.

A pressão sobre o prefeito de Istambul também incluiu a anulação de seu diploma universitário, em meio a especulações sobre sua validade. A medida levanta suspeitas de tentativa de impedi-lo de disputar futuras eleições, já que um diploma é requisito para concorrer à presidência.

“As ações draconianas representam uma escalada maciça na repressão em curso das autoridades turcas à dissidência pacífica e na perseguição ao principal partido da oposição política”, acrescentou a representante da Anistia.

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