Após ter o diploma cassado, principal rival de Erdogan é preso na Turquia

Impedido de se candidatar, Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul, é acusado de corrupção e vínculos com grupo listado como terrorista

Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e maior rival político do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, foi preso nesta quarta-feira (19), horas após ter seu diploma universitário cassado pela Universidade de Istambul. A detenção da principal figura da oposição no país intensificou ainda mais a crise política na Turquia, governada há mais de duas décadas pelo autoritário líder. As informações são da agência Associated Press (AP).

A prisão ocorreu durante uma operação que também mirou outros cem integrantes da oposição, incluindo Murat Ongun, assessor direto do prefeito, e dois prefeitos distritais de Istambul. Imamoglu é acusado formalmente pelos procuradores turcos de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e associação com o PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), que Ancara considera um grupo terrorista.

Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul (Foto: Mark Lowen/WikiCommons)

A cassação do diploma universitário, confirmada na terça-feira (18), teve como justificativa supostas irregularidades na transferência acadêmica feita por Imamoglu há mais de 30 anos, contra o que o prefeito afirmou que irá recorrer judicialmente. A decisão ameaça diretamente suas ambições políticas, já que a legislação turca exige formação superior para candidaturas presidenciais.

Logo após a prisão, autoridades bloquearam importantes ruas de Istambul e decretaram a proibição de protestos públicos por quatro dias. A reação imediata também foi sentida nos mercados financeiros: a Bolsa de Valores de Istambul despencou 7%, forçando uma interrupção temporária nas negociações, enquanto a moeda nacional, a lira turca, perdeu o mesmo percentual em valor frente ao dólar.

Em uma mensagem publicada pouco antes da prisão, Imamoglu atacou as medidas repressoras de Erdogan. “Estamos enfrentando uma grande tirania, mas quero que saibam que não ficarei desanimado”, disse. O político também escreveu posteriormente, em inglês, que “a vontade do povo não pode ser silenciada por intimidação ou atos ilegais”, destacando sua determinação em resistir.

Além dos políticos oposicionistas, a operação atingiu o jornalista investigativo Ismail Saymaz, crítico frequente das políticas do presidente Erdogan. Em resposta à ofensiva do governo, o Partido Republicano do Povo (CHP), principal legenda oposicionista, declarou que manterá para o próximo domingo (23) suas primárias, nas quais Imamoglu era considerado favorito para disputar a presidência do país em futuras eleições.

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