Jornalista tem recurso negado e terá que cumprir pena de 22 anos de prisão na Rússia

Ivan Safronov foi acusado de repassar às inteligências da República Tcheca e da Alemanha dados sobre a venda de armas pela Rússia

A Justiça da Rússia rejeitou o recurso interposto pelo jornalista Ivan Safronov, mantendo assim a pena de 22 anos de prisão imposta a ele sob a acusação de traição. A sentença foi anunciada em setembro, e o pedido de recurso foi julgado na quarta-feira (7) por um tribunal de apelações de Moscou, de acordo com a rede Radio Free Europe (RFE).

Safronov foi o primeiro profissional de imprensa condenado por traição no país desde 2001. Ele foi acusado de repassar às inteligências da República Tcheca e da Alemanha dados sobre a venda de armas pelo governo russo na África e no Oriente Médio.

A Justiça alega que ele teria recebido em troca dos tais segredos militares US$ 248 (cerca de R$ 1,25 mil, em valores atuais), acusações que o réu diz serem politicamente motivadas. Agora, com a confirmação da pena de 22 anos, ele aguarda a transferência para uma colônia penal.

O jornalista, que por muito tempo trabalhou na cobertura de assuntos de segurança, posteriormente ocupou o cargo de assessor de Dmitry Rogozin, antigo chefe da Roscosmos, a agência aeroespacial russa. Ele chegou a rejeitar uma oferta de acordo que reduziria consideravelmente a pena em caso revelasse suas fontes jornalísticas.

Ivan Safronov, jornalista acusado de vender segredos militares russos (Foto: divulgação)
Investigação paralela

Duas semanas antes da condenação de Safronov, em setembro, o site investigativo russo Proekt (Projeto, em tradução literal) publicou uma reportagem sobre o caso. A constatação do veículo, com base em documentos oficiais usados pela promotoria, é a de que as acusações contra são “infundadas”.

Um dos argumentos para descredenciar a denúncia é o fato de que a Justiça russa não conseguiu localizar nenhum funcionário público que poderia ter entregado os tais documentos confidenciais a Safronov. Também não há qualquer indício de que Laris e Voronin tenham ligações com os serviços secretos tcheco e alemão.

Em sua defesa, Safronov tem dito repetidamente que foi julgado e condenado pelos simples fato de ter feito um bom trabalho jornalístico.

Os advogados dele chegaram a dizer no aplicativo de mensagens Telegram, à época do julgamento, que mesmo as testemunhas de acusação admitiram ao tribunal que o acusado “não infringiu a lei e não descobriu segredos de Estado”.

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