Kremlin tornou-se especialista na arte de envenenar opositores, diz pesquisadora

Além de Navalny, outros três opositores foram envenenados desde 2004; razão pode ser ação preventiva interna

A Rússia se tornou especialista em envenenar opositores, afirmou a professora de Filosofia Política e Retórica da USP (Universidade de São Paulo), Marília Fiorillo, na coluna em áudio lançada no dia 28.

A pesquisadora refere-se à suspeita de envenenamento do líder de oposição ao Kremlin, Alexei Navalny, em coma induzido desde o dia 20 de agosto. Navalny é a figura mais importante da Rússia na campanha anticorrupção contra o atual presidente, Vladimir Putin.

Levado à capital alemã Berlim, os médicos tentam identificar o motivo da intoxicação. Enquanto isso, o Kremlin sugere que Navalny é vítima de uma “alta dosagem de álcool e pílulas“.

O opositor, no entanto, não foi a primeira vítima do método de envenenamento russo. “Foi assim com a jornalista Anna Politkovskaia, que sobreviveu a um envenenamento em 2004 antes de ser abatida a tiros em 2006″, lembrou Marília.

Kremlin tornou-se especialista na arte de envenenar opositores, diz pesquisadora
Principal oposicionista de Putin, Alexei Navalny, na marcha em memória ao político Boris Nemtsov, no distrito de Meshchansky, em Moscou, fevereiro de 2020 (Foto: Flickr/Michal Siergiejevicz)

O mesmo ocorreu com os opositores Alexander Litvinenko, intoxicado por polônio no mesmo ano, e com o exilado Sergei Skripal, envenenado no Reino Unido em 2018.

De acordo com a professora, Navalny tentou disputar as eleições contra Putin em 2018, mas teve sua candidatura impugnada. Um possível motivo para o envenenamento em 2020 pode estar relacionado com os acontecimentos no país vizinho, Belarus.

“Talvez o levante em Belarus tenha soado o alarme e a urgência de uma ação preventiva interna. A arte de envenenar, que dificulta a identificação dos criminosos, é uma constante histórica no país”, ressaltou Marília.

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