A prisão de Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e principal opositor político do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, desencadeou uma série de protestos em diversas cidades do país. Desde sua detenção, mais de mil pessoas foram presas em apenas cinco dias, um número que continua a crescer enquanto manifestantes desafiam a repressão policial com gás lacrimogêneo, balas de borracha e bloqueios de estradas. As informações são da rede BBC.
Imamoglu, que já foi eleito prefeito de Istambul três vezes, é considerado a principal ameaça ao domínio de Erdogan, que governa a Turquia há 22 anos, alternando entre os cargos de primeiro-ministro e presidente. O opositor agora enfrenta acusações de desvio de dinheiro, recebimento de suborno e organização criminosa. Além disso, ele já apelou de uma condenação anterior que previa dois anos de prisão por insultar autoridades eleitorais.

A Human Rights Watch (HRW) classificou a prisão de Imamoglu e de outros cem0 funcionários municipais como uma tentativa deliberada de sufocar atividades políticas legítimas. “Uma manobra politicamente motivada para reprimir atividades políticas legais”, definiu o grupo em comunicado. Erdogan, no entanto, defende que os tribunais da Turquia são independentes e que as ações judiciais seguem as leis do país.
Já a Anistia Internacional denunciou onda de repressão política e disse que as medidas adotadas pelo governo turco representam um grave avanço autoritário e um ataque direto à oposição política, a poucos dias de uma decisão crucial para o Partido Republicano do Povo (CHP).
A reação de Imamoglu foi contundente. “Eles têm medo; deixe que tenham medo. Porque nós, juntamente com a nossa nação, representamos a aliança turca. Nós representamos os nobres valores da República da Turquia e da democracia. Nós representamos o futuro, a justiça, o Estado de Direito, a igualdade, a unidade e a solidariedade”, disse ele em uma postagem na rede social X, onde possui 9,6 milhões de seguidores,
Enquanto os protestos se espalham pelo país, especialistas alertam que Erdogan poderá adotar medidas ainda mais duras para conter as manifestações. O governo turco, do seu lado, parece apostar que, com o passar do tempo, os manifestantes se cansem e voltem suas atenções para problemas econômicos urgentes, como a inflação de 39% registrada em fevereiro e a contínua desvalorização da lira turca.
Em discurso citado pela agência Reuters, Erdogan classificou as manifestações como “violentas” e reforçou seu posição de que as acusações contra o rival são justificadas. “Como nação, acompanhamos com surpresa os eventos que surgiram após o apelo do principal líder da oposição para tomar as ruas após uma operação de corrupção em Istambul ter se transformado em um movimento de violência”, disse ele.
O presidente ainda destacou a situação politica do país como mais importante no momento. “Nossa principal prioridade é proteger a estabilidade macrofinanceira. O Tesouro e o Ministério das Finanças, o banco central, todas as instituições relevantes, com nosso apoio, estão trabalhando dia e noite em coordenação total, tomando todas as medidas necessárias”, disse Erdogan.