Após protestos, rede de cinemas britânica tira de cartaz filme sobre a filha de Maomé

Obra conta a história de Fátima, que viveu no século VII, e também faz ligações entre o grupo extremista Estado Islâmico

A rede de salas de cinema Cineworld, uma das maiores do Reino Unido, tirou de cartaz o filme The Lady of Heaven (sem título em português), que conta a história da filha do profeta Maomé. A decisão ocorreu depois de uma série de protestos de muçulmanos que acusam a obra de blasfêmia, de acordo com a revista The Hollywood Reporter.

Escrito pelo roteirista Sheikh Al-Habibi e dirigido pelo estreante Eli King, o filme britânico independente estava em cartaz desde o final de semana. Entretanto, diversos protestos ocorreram em frente a salas de cinema que exibiam a película em todo o país.

Segundo a revista, a obra conta “a história de Fátima, filha do profeta Maomé que viveu no século VII” e “também faz ligações entre o grupo militante Estado Islâmico (EI) e várias figuras históricas do Islã”. Devido ao fato de que o Islamismo “proíbe a representação direta de figuras religiosas, Fátima é vista como uma personagem sem rosto, envolta por um véu preto”.

Rede de cinemas britânica Cineworld, em Swindon, Reino Unido (Foto: Unsplash/Peter Albanese)

Além dos protestos de rua, uma petição online coletou mais de 120 mil assinaturas pedindo que o filme fosse tirado de cartaz. Eles acusam a produção de retratar de forma imprecisa e negativa importantes figuras do Islamismo.

O filme independente já estava cercado de polêmica antes mesmo do lançamento, tendo sido proibido no Irã, país de maioria xiita, sob o argumento de que poderia causar “divisões entre os muçulmanos”. O Paquistão, que chamou a obra de “sacrilégio”, e o Egito também proibiram a exibição.

Na cidade inglesa de Bolton, o conselho local de mesquitas afirmou, em e-mail enviado à Cineworld, que o filme “é sustentado por uma ideologia sectária e é de natureza blasfema para a comunidade muçulmana“, segundo o jornal The Bolton News. Prossegue o documento: “Também deturpa narrativas históricas ortodoxas e desrespeita os indivíduos mais estimados da história islâmica”.

Embora defenda o direito de os muçulmanos protestarem contra o filme, o produtor executivo da obra, Malik Shlibak, disse que os cinemas deveriam “se erguer e defender seu direito de mostrar filmes que as pessoas querem ver”, de acordo com o jornal Guardian. “O que não apoiamos e ao que nos opomos veementemente é o que eles estão tentando fazer, que é censurar os outros e ditar o que podemos ou não assistir nos cinemas do Reino Unido”.

A Câmara dos Lordes, câmara alta do parlamento do Reino Unido, também condenou a decisão de tirar a obra de cartaz, classificando-a como “desastrosa para as artes, perigosa para a liberdade de expressão”.

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