Cidadãos iranianos voltaram a desafiar a crescente repressão estatal saindo às ruas para celebrar, no último sábado (3), os 34 anos da morte do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder espiritual da Revolução de 1979 e fundador da República Islâmica. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).
Um vídeo reproduzido no Twitter mostra o que seriam manifestantes celebrando o aniversário da morte de Khomeini na praia de Noor, na província de Mazandaran.
شادی شهروندان در ساحل نور مازندران همزمان با سالمرگ روحالله #خمینی؛
— RadioFarda|راديو فردا (@RadioFarda_) June 5, 2023
امسال مراسم سالمرگ خمینی در حالی برگزار شد که نافرمانیهای مدنی ماههاست در شهرهای مختلف ایران ادامه داشته است. pic.twitter.com/CSXfhvVz7k
A manifestação popular teve a bandeira do Irã queimada e os já tradicionais gritos de “morte ao ditador”, em referência ao atual líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. Muitos dançaram para protestar, uma forma de manifestar desobediência política desafiado os rígidos valores do governo.

Levante popular
O Irã vive um levante popular contra o governo iniciado após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres.
As manifestações começaram no Curdistão, província onde ela vivia, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da República Islâmica.
As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de centenas de mortes nas mãos da polícia e inúmeros casos de execuções judiciais abusivas, aplicadas contra manifestantes julgados às pressas.
“A máquina de matar do governo está acelerando”, afirmou Mahmood Amiry Moghaddam, diretor da IHR. “O objetivo é intimidar as pessoas, e as vítimas são as pessoas mais fracas da sociedade”, acrescentou, referindo-se ao fato de que a maioria dos condenados pertence a minorias étnicas iranianas.
No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.
Além dos mortos e feridos, a HRW cita os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. Condena ainda o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.