Iranianos dançam para lembrar a morte de Khomeini e protestar contra o governo

Manifestação teve a bandeira do irã queimada e os já tradicionais gritos de "morte ao ditador", em referência ao aiatolá Ali Khamenei

Cidadãos iranianos voltaram a desafiar a crescente repressão estatal saindo às ruas para celebrar, no último sábado (3), os 34 anos da morte do aiatolá Ruhollah Khomeini, líder espiritual da Revolução de 1979 e fundador da República Islâmica. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

Um vídeo reproduzido no Twitter mostra o que seriam manifestantes celebrando o aniversário da morte de Khomeini na praia de Noor, na província de Mazandaran.

A manifestação popular teve a bandeira do Irã queimada e os já tradicionais gritos de “morte ao ditador”, em referência ao atual líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei. Muitos dançaram para protestar, uma forma de manifestar desobediência política desafiado os rígidos valores do governo.

Manifestação em Estocolmo, na Suécia, pelo fim da repressão estatal no Irã (Foto: Artin Bakhan/Unsplash)
Levante popular

O Irã vive um levante popular contra o governo iniciado após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres.

As manifestações começaram no Curdistão, província onde ela vivia, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da República Islâmica.

As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de centenas de mortes nas mãos da polícia e inúmeros casos de execuções judiciais abusivas, aplicadas contra manifestantes julgados às pressas.

“A máquina de matar do governo está acelerando”, afirmou Mahmood Amiry Moghaddam, diretor da IHR. “O objetivo é intimidar as pessoas, e as vítimas são as pessoas mais fracas da sociedade”, acrescentou, referindo-se ao fato de que a maioria dos condenados pertence a minorias étnicas iranianas.

No início de outubro, a ONG Human Rights Watch (HRW) publicou um relatório que classifica o regime iraniano como “corrupto e autocrático”, denunciando uma série de abusos cometidos pelas forças de segurança na repressão aos protestos populares.

Além dos mortos e feridos, a HRW cita os casos de “centenas de ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos” que, mesmo de fora dos protestos, acabaram presos pelas autoridades. Condena ainda o corte dos serviços de internet, com plataformas de mídia social bloqueadas em todo o país desde o dia 21 de setembro, por ordem do Conselho de Segurança Nacional do Irã.

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