O destino de 238 venezuelanos deportados pelos EUA para El Salvador continua incerto após sua transferência para a prisão Cecot, conhecida como o maior complexo penitenciário das Américas. Os deportados foram enviados para o país centro-americano no último fim de semana, sob acusações de ligação com gangues como o Tren de Aragua, uma alegação que as famílias negam veementemente. As informações são da rede CNN.
A transferência, promovida pelo presidente Donald Trump, também incluiu 23 salvadorenhos e faz parte de um polêmico acordo entre Washington e o governo de El Salvador. Em troca do recebimento dos deportados, o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, teria garantido um auxílio financeiro de US$ 6 milhões para manter o sistema penitenciário do país, que atualmente custa cerca de US$ 200 milhões anuais.

A prisão Cecot, que tem capacidade para 40 mil detentos, é alvo de críticas de grupos de direitos humanos que denunciam condições desumanas, incluindo tortura e detenções arbitrárias. Relatório de 2023 do Departamento de Estado dos EUA apontou para “condições carcerárias severas e ameaçadoras à vida” e “prisões arbitrárias” realizadas pelas forças de segurança de El Salvador.
Enquanto isso, familiares dos venezuelanos protestam pela falta de clareza sobre a identidade dos deportados e exigem sua libertação. “Migrar não é um crime, e não descansaremos até conseguirmos o retorno de todos os que precisam e até resgatar nossos irmãos sequestrados em El Salvador”, declarou Jorge Rodríguez Gómez, enviado especial da Venezuela para negociações de paz, após anunciar um acordo com os EUA para repatriar venezuelanos detidos no país norte-americano.
Andrés Guzmán, chefe da Comissão de Direitos Humanos e Liberdade de Expressão de El Salvador, afirmou que famílias que consideram seus parentes detidos injustamente podem recorrer à sua comissão para apresentar denúncias. No entanto, ele esclareceu que o órgão não possui poder de decisão e apenas repassa as informações recebidas às autoridades competentes.
A crise humanitária gerada pela deportação em massa levou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a exigir o retorno imediato dos cidadãos venezuelanos. Contudo, até o momento, Bukele não respondeu aos apelos de Caracas, nem às solicitações de comentário feitas pela imprensa.