O embaixador dos EUA no Japão, George Glass, criticou duramente um alto diplomata chinês no país após uma publicação nas redes sociais que comparava Israel à Alemanha nazista. O post, feito em japonês pelo cônsul-geral da China em Osaka, Xue Jian, foi removido após a ampla repercussão negativa. As informações são da revista Newsweek.
A postagem foi feita em 14 de junho, um dia após Israel iniciar ataques contra alvos militares e nucleares no Irã, em meio a um conflito que ganhou intensidade e sob o argumento de que o Irã estaria acelerando o desenvolvimento de uma bomba atômica. Embora a China tenha pedido calma e desescalada para todas as partes, o país tem demonstrado apoio ao direito do Irã à autodefesa e críticas à conduta israelense, especialmente em sua campanha contra o Hamas em Gaza.
No post na rede social X, antigo Twitter, Xue apresentou uma lista comparativa entre Israel e o regime nazista, colocando símbolos nacionais lado a lado. Segundo ele, enquanto os judeus foram vítimas de genocídio durante o Holocausto, hoje estariam “cometendo genocídio”. O diplomata também afirmou que ambos os Estados ignoraram o direito internacional, investiram pesado em suas forças militares e incentivaram a colonização de territórios ocupados. A publicação chegou a ser vista por mais de 258 mil pessoas antes de ser apagada.

Em resposta, o embaixador Glass condenou o conteúdo e afirmou que o diplomata chinês demonstrou “um nível chocante de antissemitismo, ignorância e vulgaridade”. Ele ainda ironizou: “Ele não é tanto um guerreiro lobo quanto um filhote sem treinamento”. O termo “diplomacia do guerreiro lobo” refere-se à retórica agressiva adotada por alguns oficiais chineses na última década.
Desde o início da ofensiva israelense em Gaza, desencadeada após um ataque do Hamas em outubro de 2023, Israel tem sido alvo de acusações de crimes de guerra por parte da ONU e organizações de direitos humanos. O governo israelense insiste que suas ações são uma resposta legítima para neutralizar o Hamas e proteger civis. Dados da saúde de Gaza indicam mais de 56 mil mortos, incluindo mulheres e crianças. Em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por supostos crimes contra a humanidade.
O embaixador de Israel no Japão, Gilad Cohen, também reagiu com indignação à publicação do diplomata chinês: “O cônsul-geral chinês em Osaka ultrapassou todos os limites. Sua incitação vergonhosa contra Israel — evocando símbolos nazistas — não é apenas desprezível, é antissemita, perigosa e um insulto à memória do Holocausto”, escreveu em sua conta no X.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, comentou que “os fatos provaram que meios militares não trazem paz, e o diálogo e a negociação são o caminho certo para resolver o problema”.