O intenso bombardeio que atingiu diversas cidades ucranianas na segunda-feira (8), destruindo inclusive um hospital infantil em Kiev, foi condenado por governos estrangeiros e entidades internacionais, com a avaliação unânime de que a Rússia foi responsável pelo ataque. O Brasil também se manifestou, mas não fez referência a Moscou.
“O governo brasileiro condena o bombardeio que atingiu hoje o hospital infantil Okhmatdyt, em Kiev, que resultou em número expressivo de vítimas fatais, incluindo crianças”, diz comunicado publicado pelo Ministério das Relações Exteriores. “O governo brasileiro reitera sua condenação a ataques em áreas densamente povoadas, especialmente quando acarretam danos a instalações hospitalares e a outras infraestruturas civis, e expressa sua solidariedade às vítimas e a seus familiares.”
O texto ainda pede que o o direito internacional humanitário seja respeitado e insta as partes envolvidas a adotarem uma “solução pacífica para o conflito na Ucrânia.”

Através da rede social X, antigo Twitter, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, culpou a Rússia e afirmou que o país “não pode alegar ignorância sobre para onde voam os seus mísseis”. Acrescentou, ainda, que Moscou “deve ser totalmente responsabilizada por todos os seus crimes, contra as pessoas, contra as crianças, contra a humanidade em geral.”
A manifestação do líder ucraniano surgiu após o governo russo negar envolvimento, dizendo através do Telegram que “as declarações de representantes do regime de Kiev sobre um alegado ataque intencional de mísseis por parte da Rússia contra alvos civis são absolutamente falsas.”
A versão do Ministério da Defesa russo é a de que a destruição foi causada por um míssil de defesa antiaérea ucraniano, alegação refutada por Kiev. A Ucrânia diz ter identificado, em meio à destruição, destroços de um míssil de cruzeiro Kh-101, modelo usado por Moscou no conflito. Trata-se de um artefato que voa a baixa altitude para evitar detecção dos radares, e Kiev diz ter derrubado 11 deles na segunda, de acordo com a agência Associated Press (AP).
A ONU (Organização das Nações Unidas) endossou a alegação ucraniana, dizendo que “diversas cidades ucranianas foram alvos de mísseis disparados pelas forças russas.” O porta-voz da entidade na Ucrânia, Saviano Abreu, citou o hospital entre os alvos e disse que “crianças que estavam recebendo tratamento ficaram no meio da rua”, com “médicos tentando tirar essas crianças do meio e debaixo dos escombros.”
O governo alemão seguiu pelo mesmo caminho, com o embaixador do país na Ucrânia se manifestando pelo X. “Nesta manhã, um ataque massivo com mísseis russos à Ucrânia, também visando Kiev”, disse Martin Jaeger. “Muitas vítimas em Kiev, entre mortos e feridos. Esta é uma guerra contra civis. É assim que se manifesta a vontade da Rússia para negociar e o seu desejo de paz.”
Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia, usou a mesma rede social para condenar o bombardeio e igualmente culpou a Rússia. “Imagens chocantes de mísseis russos atingindo o Hospital Okhmatdyt, o maior hospital infantil da Ucrânia. É um lembrete da razão pela qual devemos apoiar a Ucrânia e da razão pela qual os criminosos de guerra russos declarados devem ser responsabilizados.”
Pela União Europeia (UE), quem se manifestou foi Josep Borrell, chefe da diplomacia do bloco. “A Rússia continua atacando impiedosamente os civis ucranianos. Os ataques aéreos de hoje mataram e feriram dezenas de pessoas e destruíram o maior hospital infantil de Kiev, o Okhmatdyt. A Ucrânia precisa de defesa aérea agora. Todos os responsáveis pelos crimes de guerra russos serão responsabilizados”, disse.
Até a manhã desta terça-feira (9), pelo horário de Brasília, fontes citadas pela agência Reuters alegam que já foram identificados 41 mortos no bombardeio russo do dia anterior, que atingiu diversas cidades da Ucrânia. O número é superior ao citado por Zelensky, segundo quem são 37 vítimas fatais, incluindo três crianças.