A indústria automotiva enfrenta uma crise provocada pela escassez de minerais terras raras refinados quase exclusivamente pela China. A interrupção súbita nas exportações do material por Beijing, em abril, deixou fábricas do mundo todo sem insumos essenciais para manter a produção de veículos, obrigando montadoras da Europa e dos EUA a paralisarem linhas inteiras. As informações são da rede CNBC.
Esses minerais são cruciais para a fabricação de motores elétricos, conversores catalíticos e sistemas eletrônicos, tanto em veículos elétricos quanto a combustão. Sem alternativas viáveis no curto prazo, empresas como a Ford suspenderam a produção de modelos populares, enquanto fornecedores relatam esgotamento de estoque e dificuldade para reposição.

A escassez tem origem em um ponto-chave da cadeia: o refino. A China responde por cerca de 90% do processamento global de terras raras e detém monopólio absoluto sobre os elementos pesados — os mais difíceis de separar, mas também os mais críticos para a indústria. O problema não está na extração dos minerais, relativamente abundantes, mas na complexa e cara tecnologia necessária para purificá-los. Hoje, nenhum outro país é capaz de operar essa etapa em escala comercial.
“Eles estão no cinto de segurança, no volante, em diversas partes dos componentes elétricos”, explicou Gracelin Baskaran, diretora do Programa de Segurança de Minerais Críticos do think tank Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. “Não se fabrica um carro sem elementos de terras raras.”
Desde maio, Beijing permitiu algum acesso ao material para empresas fornecedoras de autopeças, e os Estados Unidos anunciaram um acordo para acelerar embarques de ímãs industriais. Mesmo assim, a cadeia global segue pressionada por incertezas — e a expectativa é de que novas rupturas possam surgir.
“Hoje é a vez das terras raras”, disse Dan Hearsch, diretor executivo da consultoria AlixPartners. “Mas amanhã pode ser algo que nem estamos pensando, que talvez não pareça tão valioso e que, de repente, se torne um problema.”