Desde a invasão russa pelas tropas de Vladimir Putin em fevereiro de 2022, as inovações de guerra acessíveis da Ucrânia têm impressionado observadores nacionais e internacionais. No entanto, os controles de exportação do Ministério da Defesa ucraniano, impostos no início do conflito, têm mantido essas inovações confinadas ao país. As informações são do Breaking Defense.
As regulamentações proíbem a exportação de equipamentos militares da Ucrânia, com poucas exceções concedidas de forma opaca. Agora, uma legisladora e membros da indústria de startups estão buscando mudar isso para transformar o país arrasado pela guerra em um player global na exportação de armas.
Na Ucrânia, o Ministério da Defesa é o principal comprador, exigindo que os fornecedores detalhem seus custos de materiais e produção, com uma margem de lucro limitada a 25%. No entanto, esses contratos são pouco confiáveis, e o ministério, enfrentando dificuldades financeiras como o resto do país, não consegue adquirir todo o material que os produtores esperam vender.

A parlamentar ucraniana Halyna Yanchenko explicou à reportagem que os aliados ocidentais buscam armas para a Ucrânia globalmente, mas muitas vezes não encontram munição suficiente. “Às vezes, eles não encontram munição suficiente, como mísseis para defesa aérea, e nossas empresas privadas estão se esforçando ao máximo para produzi-las na Ucrânia, mas só podem vendê-las ao Ministério da Defesa, que nem sempre tem recursos suficientes para comprar tudo o que é produzido”.
Yanchenko acredita que os controles de exportação estão sufocando a emergente indústria de tecnologia militar da Ucrânia, limitando sua capacidade de produção interna. Ela observa que a redução do orçamento nacional, devido à perda de territórios industriais, dificulta o acesso das novas startups ao financiamento governamental necessário para seu crescimento.
A parlamentar defende que permitir vendas internacionais ajudaria a atrair investimentos e estimular a inovação na Ucrânia, comparando isso à criação de um centro de inovação como o Vale do Silício. Ela também destaca que a competição é benéfica, pois promove melhor qualidade, preços mais baixos e mais recursos para os produtores locais, o que também beneficiaria os militares ucranianos.
A justificativa para os controles de exportação é que a Ucrânia precisa reter todos os recursos disponíveis, uma preocupação com raízes históricas profundas.
A Ucrânia ainda lamenta ter renunciado às armas nucleares nos anos 1990, o que permitiu ao Kremlin manter chantagem nuclear. Antes da guerra, o país era um grande exportador de armas, principalmente de antigos equipamentos soviéticos, mas a corrupção nesse setor causou uma escassez dos equipamentos que faltam hoje. Esse arrependimento contribui para os rigorosos controles de exportação atuais. As startups de armas ucranianas enfrentam uma situação delicada e, por isso, muitas empresas evitam discutir publicamente seus interesses em exportar.
O Serviço Estatal de Controle de Exportação da Ucrânia relatou um aumento contínuo no número de entidades solicitando permissão para exportar bens militares, apesar de uma pausa em 2022 e início de 2023 devido à guerra. Desde então, a tendência voltou. Diante desse cenário, Yanchenko está formando um grupo de trabalho para fazer lobby, inclusive com o Ministério da Defesa.
Os drones ucranianos têm ganhado destaque, em parte porque muitos criam vídeos facilmente compartilháveis. No entanto, as linhas de frente também estão repletas de soluções criativas para enfrentar a persistente falta de recursos.