Alemanha alega extremismo, vasculha mesquita e fecha tradicional entidade islâmica

Centro Islâmico de Hamburgo, ligado ao Irã, foi proibido de funcionar sob a acusação de 'espalhar antissemitismo agressivo'

As autoridades da Alemanha determinaram na quarta-feira (24) a suspensão de todas as atividades do Centro Islâmico de Hamburgo (IZH, na sigla em alemão), tendo realizado ainda uma operação policial na Mesquita Azul, uma das mais antigas do país e administrada pela entidade. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).

O IZH é ligado ao regime do Irã e tem sido acusado de propagar ideias extremistas, o que teria se intensificado desde o início do conflito em Gaza, fruto dos ataques do Hamas a Israel no dia 7 de outubro de 2023.

A operação contou com uma busca dentro da Mesquita Azul para obter provas da relação entre o IZH e o grupo radical Hezbollah, do Líbano, classificado pela Alemanha como terrorista desde 2020.

Polícia alemã em ação em Hamburgo, dezembro de 2016 (Foto: Christoph Scholz/Flickr)

Em comunicado, o Ministério do Interior disse que “proibiu o Centro Islâmico de Hamburgo e suas organizações afiliadas em toda a Alemanha até o momento, por ser uma organização extremista islâmica com objetivos anticonstitucionais.”

De acordo com a ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, uma investigação foi iniciada para apurar a denúncia de que a entidade “espalha antissemitismo agressivo.”

“Hoje, proibimos [o IZH], que promove uma ideologia islâmica-extremista e totalitária na Alemanha”, disse Faeser em comunicado, segundo a agência Al Jazeera. “Essa ideologia islâmica se opõe à dignidade humana, aos direitos das mulheres, a um judiciário independente e ao nosso governo democrático.”

Os serviços de segurança alemães entendem que o IZH mantém forte influência sobre outras mesquitas e associações islâmicas, o que poderia levar a uma difusão mais ampla das ideias extremistas. Tal processo já estaria em andamento no território alemão “de maneira agressiva e militante”, segundo o governo.

Em novembro do ano passado, diversas propriedades da entidade já haviam sido vasculhadas, com a apreensão de material conspiratório. Na oportunidade, Berlim acusou a IZH de atuar de “maneira altamente conspiratória”, escondendo seus reais objetivos políticos.

O fechamento do IZH gerou reação do governo iraniano, que convocou o embaixador alemão no Irã para dar explicações, chamando a medida de “um exemplo de islamofobia” e uma violação da liberdade de expressão.

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