O ministro interino das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, parrtiu em defesa da decisão do governo de encerrar o financiamento federal a organizações civis de resgate de migrantes no Mar Mediterrâneo. A medida, anunciada em meio à reformulação do orçamento, foi criticada por parlamentares do Partido Verde e por entidades humanitárias. As informações são da rede Deutsche Welle (DW).
Falando durante uma coletiva no Canadá, Wadephul classificou o corte como uma medida necessária. “A Alemanha continua comprometida com a humanidade e sempre estará”, declarou. “Mas não acredito que seja papel do Ministério das Relações Exteriores usar recursos para esse tipo de resgate marítimo”, completou o ministro.

No ano passado, o governo alemão destinou 2 milhões de euros (R$ 12,86) a ONGs como SOS Humanity, Sea-Eye e SOS Mediterranee, que atuam em missões de resgate de migrantes em situação de risco na travessia entre África e Europa. Os repasses haviam sido articulados pela gestão anterior, sob comando da ministra verde Annalena Baerbock.
Com a ascensão do chanceler Friedrich Merz, do partido conservador União Democrata Cristã (CDU), em maio, o governo adotou uma postura mais rígida sobre a imigração. O novo orçamento, liderado pelo ministro das Finanças Lars Klingbeil, não prevê mais recursos para o financiamento das operações civis de resgate marítimo. A política já havia gerado atritos diplomáticos com a Itália, principal ponto de desembarque dos migrantes resgatados.
A decisão provocou forte reação de organizações envolvidas nas missões humanitárias. Gorden Isler, presidente da ONG Sea-Eye, classificou a mudança como um “sinal catastrófico”. Segundo ele, “agora talvez tenhamos que permanecer no porto, mesmo diante de emergências no mar”.
A líder do Partido Verde no Parlamento, Britta Hasselmann, também condenou a medida. “Essa decisão, previsivelmente, vai agravar a crise humanitária no Mediterrâneo e causar sofrimento humano”, afirmou.