Analistas relatam ‘ciclo de exploração de trabalhadores migrantes’ na Itália

Milhares de migrantes vivem e trabalham em “condições desumanas”, sofrendo riscos para a saúde e a segurança, segundo grupo `da ONU

Após analisar por dez anos as condições de trabalho de imigrantes na Itália, um grupo de analistas ligado à ONU (Organização das Nações Unidas) constatou que o país europeu estabeleceu um perigoso “ciclo de exploração dos trabalhadores migrantes”. Nesta segunda-feira (11), os especialistas do Grupo de Trabalho Sobre Negócios e Direitos Humanos lançou um apelo ao governo italiano e aos empresários locais para que coloquem fim à exploração. 

Segundo os relatores de direitos humanos, uma série de abusos trabalhistas está sendo cometida na Itália. Milhares de migrantes vivem e trabalham em “condições desumanas”, sofrendo riscos para a saúde e a segurança.  

Os especialistas explicam que africanos e asiáticos trabalhando nos setores agrícola ou da indústria têxtil na Itália estão “presos num ciclo de exploração, de dívidas financeiras e de abusos de direitos humanos”.  

Imigrantes aguardam socorro de embarcação em meio ao Mar Mediterrâneo, em 2019 (Foto: Frontex/Francesco Malavolta)

O presidente do Grupo de Trabalho da ONU, Surya Deva, declarou que “governo e empresas precisam tomar ação decisiva e fornecer condições de trabalho decentes para todos os empregados” do país europeu.  

Os especialistas reconheceram, no entanto, os esforços do governo para acabar com o sistema de recrutamento ilegal conhecido como “caporalato”. Mas afirmam que “muitos trabalhadores em condições desumanas ainda não viram nenhuma mudança positiva em suas vidas”.  

O grupo visitou várias regiões, incluindo Roma, Puglia, Basilicata, Lombardia e Toscana, e notou a necessidade de as empresas respeitarem práticas de direitos humanos em toda a cadeira de produção e de operações.  

A visita dos especialistas coincide com a revisão do plano nacional sobre negócios e direitos humanos da Itália e com o encontro dos líderes do G20, que acontecerá em Roma entre os dias 30 e 31 de outubro. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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