Autoridades russas intensificam repressão à comunidade LGBT com operação em boate

Prefeitura de Yakutsk acusou a boate Number One de "promover relações não tradicionais e transição de gênero em shows com artistas transgêneros"

Funcionários de uma boate na República de Iacútia, no extremo leste da Rússia, foram detidos após acusações de promover apresentações com artistas transgêneros vindos da Tailândia. A operação policial, realizada no clube Number One em Yakutsk, foi desencadeada por uma denúncia da Comissão Administrativa local, que alegou que o estabelecimento estava “promovendo relações não tradicionais e transição de gênero”. As informações são da Novaya Gazeta.

A denúncia se baseou em vídeos e fotos das performances, previamente divulgados no aplicativo Telegram, que mostrariam apresentações de caráter erótico com participação de homens e mulheres transgêneros tailandeses.

A administração municipal de Yakutsk alegou que o restaurante e boate, de origem chinesa, estaria envolvido na “promoção de relações sexuais não tradicionais e transição de gênero” por organizar apresentações com “mulheres transgênero e homens de orientação não convencional da Tailândia” desde o dia 26 de dezembro. A prefeitura informou ainda que encaminhou relatórios sobre possíveis infrações civis ao Ministério Público regional e às autoridades policiais.

Clube Number One em Yakutsk (Foto: redes sociais/divulgação)

Apesar das acusações, Felix Antonov, chefe da Comissão Administrativa de Yakutsk, informou que a operação não conseguiu confirmar a presença dos supostos artistas transgêneros durante a batida na casa.

A polícia deteve o gerente do clube, além de bartenders e garçons, sob suspeita de envolvimento na organização dos eventos. Até o momento, não foi esclarecido se os detidos enfrentarão acusações formais, mas as autoridades abriram uma investigação para identificar os artistas tailandeses mencionados.

A ação ocorre em um contexto de crescente repressão contra a comunidade LGBTQ+ na Rússia. Em 2023, a Suprema Corte do país classificou o “movimento LGBT internacional” como extremista, ampliando a criminalização de qualquer forma de manifestação ou ativismo relacionado à causa. Desde então, locais e eventos associados à comunidade têm sido alvo de monitoramento rigoroso por parte das autoridades.

Organizações de direitos humanos internacionais condenaram as ações do governo russo, alegando que elas violam os direitos básicos de expressão e identidade. “Estamos assistindo a um padrão de repressão estatal que busca erradicar qualquer visibilidade LGBTQ+, algo alarmante e contrário aos princípios de liberdade e dignidade humana”, disse um porta-voz da Anistia Internacional (AI) em nota oficial.

Tags: