Berlim abre investigação para apurar ataques cibernéticos atribuídos a Moscou

Porta-voz da promotoria alemã afirmou que existe a "suspeita de atividade da agência de inteligência", referindo-se à GRU, da Rússia

O governo alemão abriu uma investigação para apurar os recentes ataques cibernéticas empreendidos contra políticos locais, às vésperas das eleições federais agendadas para 26 de setembro. Berlim atribui os ataques à agência de inteligência militar russa, GRU, segundo a rede alemã Deutsche Welle.

Um porta-voz da promotoria na cidade de Karlsruhe afirmou que existe a “suspeita de atividade da agência de inteligência”, referindo-se à GRU.

As autoridades alemãs acreditam que o objetivo dos hackers é acessar contas de e-mail privadas de membros dos parlamentos federal e estaduais através de mensagens phishing, uma ação maliciosa de envio de mensagens que, se abertas, permitem o acesso a informações confidenciais.

Angela Merkel e Vladimir Putin: relações dmplomáticas estremecidas (Foto: Wikimedia Commons)

Na quarta-feira (8), a porta-voz do Ministério do Exterior Andrea Sasse disse que a campanha dos hackers “combina ciberataques convencionais com operações de desinformação e influência”. Segundo ela, os “ataques podem servir como preparativo para operações de influência, como campanhas de desinformação relacionadas à eleição parlamentar”.

Sasse afirmou, ainda, que a ação ajuda a gerar “uma grave tensão nas relações bilaterais“, já estremecidas devido a seguidos episódios diplomáticos.

Patrocínio estatal

Na semana passada, a empresa norte-americana Prevailion, especialista em inteligência cibernética e segurança digital, obteve novas informações sobre os hackers do grupo russo UNC1151, que Washington acredita atuarem a serviço do Kremlin. A constatação é de que o grupo é muito mais poderoso do que se imaginava, o que reforça as suspeitas de apoio estatal para manutenção de tamanha infraestrutura. 

O UNC1151 é responsável por uma campanha de atividades maliciosas em andamento em toda a Europa, inclusive na Alemanha, cujo objetivo é desestruturar a política ocidental europeia. São atividades que envolvem campanhas de desinformação contra a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), espionagem cibernética e operações de hack e vazamento de dados com viés político.

Por que isso importa?

As relações entre Berlim e Moscou estão estremecidas desde 2014, quando da anexação pela Rússia da região da Crimeia, na Ucrânia. À época, a UE (União Europeia) também se posicionou contra o Kremlin e proibiu a venda a empresas russas de bens de dupla utilização, que possam também ter uso militar.

De lá para cá, a relação entre a UE, capitaneada pela Alemanha, e a Rússia só piorou. Em 2020, Berlim se envolveu em uma crise diplomática com Moscou após o envenenamento do opositor ao Kremlin Alexei Navalny.

Paralelamente, as atividades russas de espionagem na Alemanha têm aumentado muito, atingindo níveis semelhantes aos dos tempos de Guerra Fria.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da UE, o que a torna forte influenciadora no bloco. Inclusive em questões referentes à Rússia.

Tags: