Britânico é preso na Alemanha sob acusação de espionagem para a Rússia

Funcionário da embaixada britânica em Berlim teria entregado documentos à inteligência russa em troca de dinheiro

Um cidadão britânico de 57 anos foi preso por policiais alemães na terça-feira (10), em Potsdam, sob acusação de espionagem. O suspeito trabalhava na embaixada do Reino Unido em Berlim e teria repassado documentos à inteligência russa em troca de dinheiro, segundo informações da agência qatari Al Jazeera.

Um comunicado emitido por promotores de Justiça locais informa que foi realizada um busca no apartamento e no escritório do acusado, que será ouvido por um juiz para determinar se ele segue preso ou se será libertado.

Britânico é preso na Alemanha sob acusação de espionagem para a Rússia
Prédio da embaixada britânica em Berlim (Foto: Joana e Miguel Paulo Pardal/Flickr)

“O acusado recebeu um pagamento em dinheiro, uma quantia não especificada”, diz o documento, segundo o qual as ações de espionagem começaram não antes de novembro de 2020.

A investigação é uma cooperação entre Alemanha e Reino Unido, embora o caso, agora, fique a cargo das autoridades alemãs. O Ministério de Assuntos Exteriores local diz que vai monitorar o caso de perto, pois considera de alta gravidade o fato de o ato de espionagem ter partido de um cidadão de um país aliado.

Guerra fria

As atividades de espionagem russas na Alemanha aumentaram muito nos últimos anos, atingindo níveis semelhantes aos dos tempos de Guerra Fria. Em junho, o diretor da Agência para a Proteção da Constituição, Thomas Haldenwang, afirmou que a Rússia possui enorme interesse em Berlim, sobretudo nas “áreas políticas”.

A Alemanha é o país com maiores população e economia dentro da UE (União Europeia), o que a torna forte influenciadora no bloco. Inclusive em questões referentes a Moscou. Haldenwang diz que há um “grande número de agentes” russos na Alemanha, quase sempre próximos a pessoas poderosas. “A abordagem está cada vez mais dura e implacável”, diz.

Alguns casos ligados à espionagem russa na Alemanha vieram a público, como o ataque cibernético contra 38 parlamentares alemães em março. A invasão faria parte da campanha “Ghostwriter”, supostamente do GRU (Serviço de Inteligência Militar da Rússia). O alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e da CDU (União Democrática Cristã), esta a sigla da chanceler Angela Merkel.

Berlim se prepara para realizar eleições em setembro, pleito que dará início ao mandato de um novo chanceler após 16 anos.

Tensão crescente

A polícia da Alemanha apertou o cerco contra os russos desde 2014, quando da anexação da região da Crimeia, na Ucrânia. Desde então, a UE proibiu a venda de bens de dupla utilização – que poderiam também ter uso militar – a empresas da Rússia.

Em 2020, Berlim se envolveu em uma crise diplomática com Moscou após o o envenenamento do opositor ao Kremlin Alexei Navalny, em agosto, que que aliados da vítima atribuem a Vladimir Putin.

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