Bulgária acusa seis cidadãos de integrar rede de espionagem da Rússia

Agentes seriam altos funcionários do Ministério de Defesa e da inteligência militar do governo búlgaro, aponta investigação

Autoridades da Bulgária detiveram seis cidadãos do país por integrar uma suposta rede de espionagem em favor da Rússia. Entre eles estão altos funcionários do Ministério da Defesa e inteligência militar do governo, apontou a Reuters.

Essa é a primeira vez que espiões são descobertos na Bulgária desde o fim da Segunda Guerra Mundial, afirmou o promotor-chefe búlgaro Ivan Geshev, na sexta (19). Os suspeitos foram presos na quinta-feira, após uma grande operação da força de segurança nacional na capital do país, Sofia.

Um ex-oficial da inteligência militar búlgara estaria recrutando pessoas com acesso a informações confidenciais do governo, da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte) e da UE (União Europeia). Esses indivíduos deveriam passar as informações a um funcionário da embaixada russa.

Bulgária acusa seis cidadãos por integrar rede de espionagem russa
Suposto espião para a Rússia é flagrado capturando informações de um computador do Ministério da Defesa da Bulgária (Foto: Reprodução/Youtube/Procuradoria-geral da Bulgária)

“O grupo representa uma séria ameaça à segurança nacional ao coletar e entregar segredos de Estado para um país estrangeiro”, disse a porta-voz da procuradoria Siyka Mileva. Os detidos deixaram a prisão neste domingo e aguardam o processo em liberdade, disse o portal europeu Euractiv.

Acredita-se que os supostos espiões já operavam há pelo menos dois anos. Um vídeo divulgado pela Procuradoria mostra um dos integrantes dentro da embaixada russa. Ele deposita informações no que parece ser um cartão SD.

Detalhes da operação

As reuniões dos criminosos aconteciam em restaurantes, campos de lazer ou no próprio carro do líder – intitulado pela imprensa búlgara como “Resident”. Ele deu a todos telefones celulares e cartões SD para a extração de informações confidenciais.

O pagamento, sempre em moedas estrangeiras, beirava os 1,5 mil euros mensais (cerca de R$ 9 mil). Câmeras de monitoramento flagraram os agentes trocando o dinheiro em casas de câmbio.

Em resposta, a embaixada da Rússia exigiu o “fim das especulações” e condenou as tentativas de “demonizar Moscou” até que o tribunal chegasse a um veredito sobre o caso. As prisões antecedem as eleições gerais da Bulgária, agendadas para 4 de abril, e ocorrem em meio à escalada de tensões entre a Casa Branca norte-americana e o Kremlin.

Desde outubro de 2019, a Bulgária expulsou seis diplomatas russos por suspeita de espionagem no país. Na era soviética, o país dos Balcãs era grande aliado de Moscou e, hoje, a Rússia é o maior fornecedor de energia para os búlgaros.

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