Bulgária pede o fim de grupos pró-Moscou que oferecem treinamento militar no país

Na mira do governo, organizações contestam as alianças ocidentais de Sófia e são vistas como ameaça à soberania nacional

O governo da Bulgária vem tentando encerrar as atividades duas organizações paramilitares pró-Moscou que atuam dentro do país e são classificadas como uma ameaça à “integridade territorial búlgara”. A promotoria distrital de Varna, terceira maior cidade do país, ingressou com um pedido judicial para as duas entidades sejam proibidas de funcionar, segundo informações da rede Radio Free Europe (RFE).

Os grupos BNO Shipka e União Militar Vasil Levski são acusados de fornecer inclusive treinamento militar a seus membros. Também estariam atando na tentativa de sabotar o alinhamento de Sófia com Ocidente, sobretudo a afiliação à União Europeia (UE) e à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que é considerada prejudicial pela Rússia.

Bandeias da Bulgária e da União Europeia (Foto: pxhere.com/Creative Commons)

Segundo a promotoria de Varna, a existência das duas organizações fere a Constituição búlgara ao ameaçar “a soberania e a integridade territorial do país e a unidade da nação”. Os autores do pedido de veto alegam ainda que essas entidades equivalem a “estruturas secretas ou paramilitares.”

Entre as ações recentes consideradas ilegais, os promotores citam a captura de migrantes ilegais na fronteira com a Turquia, uma ação que caberia exclusivamente às forças de segurança. Os membros dos grupos também teriam mantido contato com instituições de extrema direita estrangeiras.

Vladimir Rusev, que se diz porta-voz das duas organizações, vem sendo observado pelo governo búlgaro por sua atuação na internet, onde costuma divulgar teorias conspiratórias contra a UE e a Otan. Ele também liderou um movimento de desinformação para desestimular a população a aderir à campanha de vacinação contra a Covid-19 durante a pandemia.

O jornalista investigativo búlgaro Christo Grozev, perseguido pelo governo da Rússia, denunciou os dois grupos no ano passado por participação em um movimento coordenado pelo Kremlin para desestabilizar a democracia búlgara.

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