A economia global deve encolher 3,2% este ano, com a pandemia do novo coronavírus. O alerta é do DESA (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais), das Nações Unidas, em um relatório divulgado nesta quarta (13).
Um cenário como o previsto não acontecia desde a Grande Depressão, crise que começou em 1929 e persistiu durante toda a década de 1930. A pior crise econômica do século 20 só se encerrou com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
As perdas devem somar US$ 8,5 trilhões. A cifra representa quatro anos de ganhos de produção, de acordo com a análise econômica realizada pela ONU.
Por região
De acordo com o documento, o PIB (Produto Interno Bruto) dos países desenvolvidos cairá 5%. Em países em desenvolvimento, é esperada uma retração de 0,7%.
Em algumas regiões, no entanto, as quedas ultrapassam a média global. No Brasil, por exemplo, a previsão do DESA é que a economia retraia 5,2% em 2020. Em toda a América do Sul, o índice cai para 5,5%. Para os EUA, a previsão de queda é de 4,8%.
O pior cenário previsto pelo departamento da ONU é para a área do Euro, onde a economia cairia 5,8%. A seguir vêm Reino Unido e Irlanda do Norte, com -5,4%. Apenas no leste e sul da Ásia os números são positivos, com uma previsão de crescimento de 0,8%.
O relatório traz ainda a análise do pior cenário para a economia global, no qual a retração chegaria a 4,9% este ano. A pandemia deve levar 34,3 milhões de pessoas à pobreza extrema só neste ano — 56% delas em países africanos. Até 2030, a ONU prevê que mais 130 milhões entrarão nas fileiras da extrema pobreza.
“Com as restrições de grande escala das atividades econômicas e o aumento das incertezas, a economia global chegou a uma virtual paralisação no segundo trimestre de 2020”, afirmou o economista-chefe e secretário-geral adjunto para o Desenvolvimento Econômico da ONU, Elliott Harris.
Para minimizar o impacto do vírus na economia, governos do mundo inteiro adotam medidas de estímulo fiscal, que somadas equivalem a cerca de 10% do PIB mundial.
Futuro incerto
Mesmo com as taxas de infecção e mortalidade caindo em algumas partes do mundo, o futuro da pandemia e as consequências econômicas e sociais causadas por ela ainda são incertos.
Alguns governos começaram a flexibilizar as medidas de restrição para iniciar os planos de recuperação econômica. Em alguns casos, no entanto, foi preciso voltar atrás. No Líbano, por exemplo, os casos de infecção voltaram a aumentar após o governo relaxar algumas restrições.
Sem um avanço rápido da criação de uma vacina contra o vírus, o DESA afirma que o mundo pós-Covid-19 provavelmente será muito diferente daquele que conhecíamos antes da pandemia.
Recuperação
O departamento das Nações Unidas espera uma recuperação modesta para 2021. São esperados grandes déficits fiscais e dívidas públicas, que irão representar um desafio significativo para países em desenvolvimento, em meio à queda das receitas do comércio e do turismo.
Para o próximo ano, o DESA prevê um crescimento do PIB mundial de 4,2%. Para os países desenvolvidos, o índice é de 3,4%, enquanto nas nações em desenvolvimento, o crescimento esperado é de 5,3%.
Na América do Sul, estima-se um crescimento de 2,7% no PIB. Para o Brasil, a previsão chega a 2,9%. Já nos EUA, o crescimento ficaria em 3,9%. A área do euro, a mais afetada em 2020, cresceria 2,9% em 2021.