Conforme a guerra completa dois anos, Ucrânia registra mais de 30 mil vítimas civis

Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU no país invadido relata 10.582 mortes, sendo mais de 500 crianças

O número de vítimas civis na guerra da Ucrânia, que completou dois anos no sábado (24), já supera 30 mil. Os dados são divulgados periodicamente pela ONU (Organização das Nações Unidas) e foram atualizados na sexta-feira (23).

O balanço mais recente indica que 10.582 civis morreram em virtude do conflito, com outros 19.875 feridos, de acordo com a Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia. Entre as vítimas fatais confirmadas estão 528 crianças.

Kiev divulga os mesmos dados da ONU no que tange às vítimas e completa o balanço do conflito com os supostos crimes de guerra da Rússia. Segundo o escritório da Procuradoria-Geral da Ucrânia, 126.037 irregularidades são atribuídas às tropas do presidente Vladimir Putin.

Cemitério na cidade de Bucha com vítimas da guerra na Ucrânia (Foto: Diego Ibarra Sánchez/Unicef)

“A guerra não acabou, e infelizmente a gente não vê falar tanto mais da Ucrânia nos noticiários, nas manchetes dos jornais. Mas isso não quer dizer que a situação melhorou. Pelo contrário, está piorando muito”, disse o porta-voz da ONU na Ucrânia, Saviano Abreu. “Nós vimos que no ano passado o número de bombardeios e ataques cresceu. Foi mais do que em 2022, quando essa rápida intensificação da guerra começou. O ano passado foi ainda pior.”

Ainda segundo o funcionário da ONU, a situação é “realmente catastrófica” perto da frente de batalha, sendo as pessoas que moram nessas zonas as mais afetadas pela guerra.

A entidade destaca também a destruição da infraestrutura civil, citando prédios residenciais, hospitais, escolas e instalações de energia. De acordo com a Escola de Economia de Kiev, 167.200 edifícios civis foram destruídos.

Além disso, a economia ucraniana está em ruínas. Assim, a quantidade de cidadãos que precisam de ajuda humanitária não para de crescer. Segundo Abreu, o número atual se aproxima de quase 15 milhões de pessoas.

“É quase 40% de toda a população da Ucrânia que hoje precisa do mais básico para sobreviver. Isso é em todo o país, mas a situação é muito pior em áreas perto da frente de batalha. Lá tem mais ou menos 3,3 milhões pessoas nos dois lados, nas áreas ocupadas pela Rússia, mas também nas áreas com controle do governo na Ucrânia, que precisam da ajuda humanitária”, afirmou.

De acordo com as Nações Unidas, as interrupções na cadeia de produção e abastecimento são outra questão delicada. O assessor executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) na Ucrânia, Rodrigo Mota, disse que o país já se orgulhou de servir como fonte de alimento para outras nações necessitadas.

“A Ucrânia é um país agrícola. Antes da guerra, a Ucrânia se orgulhava de dizer que era a cesta de pão que alimentava mais de 400 milhões de pessoas no mundo inteiro. Para nós do PMA, a Ucrânia era o nosso supermercado. A gente comprava alimentos da Ucrânia para ajudar e para prover essa alimentação para as populações de países africanos e de outras partes do mundo”, disse Mota.

Hoje, é a Ucrânia que precisa de apoio, com sete milhões de ucranianos dependentes de ajuda para comer. “Um país que antes produzia alimento agora precisa de alimento. Muitos produtores, muitos agricultores, principalmente os pequenos agricultores e pequenos produtores, sofreram bastante com o impacto da guerra”, disse o assessor.

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