Dinamarca usa dinheiro congelado da Rússia para financiar produção militar da Ucrânia

Ministro da Defesa dinamarquês diz que dinheiro é investido no fortalecimento da indústria bélica doméstica ucraniana

O dinheiro que a Dinamarca congelou da Rússia vem sendo usado para financiar o aumento da produção da indústria bélica da Ucrânia e assim reduzir a dependência do país em relação aos pacotes de ajuda militar ocidentais. Segundo o ministro da Defesa dinamarquês Troels Lund Poulsen, Kiev conseguiu, com a verba, triplicar a produção de peças de artilharia de longo alcance modelo Bohdana. As informações são da revista Newsweek.

O armamento citado por Poulsen é uma peça sobre rodas desenvolvida pela própria Ucrânia após os conflitos no leste do país em 2014, quando Moscou anexou a Crimeia e apoiou os separatistas na região de Donbass. É um elemento central no processo conduzido pelo governo ucraniano para modernizar suas Forças Armadas e reduzir a dependência em relação às armas fornecidas pelo Ocidente.

Soldados das Forças Armadas da Dinamarca (Foto: forsvaret.dk/divulgação)

De acordo com o ministro, foi atribuída à Dinamarca a missão de administrar um fundo de 394,6 milhões de euros (R$ 2,4 bilhões) da União Europeia (UE) destinado a apoiar a Ucrânia. O país escandinavo ainda se comprometeu a entregar 1,3 bilhão de coroas dinamarquesas (R$ 1,06 bilhão) para apoiar a aquisição de armamento por Kiev.

Após a invasão russa na Ucrânia em fevereiro de 2022, mais de US$ 330 bilhões (R$ 1,81 trilhões) em ativos do banco central russo foram congelados globalmente, principalmente na UE, onde está mais de dois terços desse total. Moscou não pode acessar esses ativos devido a sanções, estando impedida de vendê-las ou lucrar com os juros.

O dinheiro gerado pelos ativos russos congelados no exterior permaneceu retido principalmente na Bélgica pela Euroclear, uma empresa de serviços financeiros que atua como uma câmara de compensação internacional e depositária de títulos. Segundo o plano da UE, 97% dos lucros desses ativos seriam destinados à Ucrânia, enquanto a administradora reteria 3% para financiar litígios da Rússia relacionados à recuperação de seus ativos e receitas.

Copenhague, então, estabeleceu um processo paralelo para usar a verba já disponível no fortalecimento da indústria bélica doméstica ucraniana, uma tentativa de reduzir a dependência do país em relação aos pacotes de ajuda militar provenientes de seus aliados ocidentais.

“Ainda é importante, mas não é mais suficiente simplesmente enviar doações militares para a Ucrânia”, disse Poulsen . “Precisamos investir diretamente na indústria de defesa da Ucrânia ao mesmo tempo.”

O plano agrada Kiev, cujo orçamento de defesa não basta para aproveitar todo o potencial de sua indústria militar.

“Em julho, fizemos o pedido de reembolso, e neste fim de semana os 18 sistemas Bohdana foram entregues às forças da Ucrânia”, acrescentou o ministro dinamarquês. “É uma velocidade de tempo incrível.”

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