Documento do Kremlin sugere que mais de cem mil soldados russos morreram na Ucrânia

Orçamento destinado às famílias das vítimas para o ano que vem sugere que mais de 100 mil soldados russos perderam a vida no front

O orçamento proposto pela Rússia para os próximos anos prevê assistência financeira às famílias de 102,7 mil militares mortos no front ucraniano. Os números vieram a público na última quinta-feira (12) por meio do portal de mídia da oposição russa Mozhem Obyasnit, que analisou o projeto de alocação de fundos do país para o período de 2024 a 2026.

De acordo com a revista Newsweek, que reproduziu as informações, os familiares dos soldados mortos recebem, além do seguro obrigatório pago em parcela única, uma compensação mensal de 21,9 mil rublos (R$ 1.128), pago pelo Fundo Social da Rússia.

Soldados ucranianos atacam um tanque russo em Mariupol (Foto: WikiCommons)

Para chegar ao número de mortos na Ucrânia, o Mozhem Obyasnit constatou o aumento nas despesas do governo com reparações pagas a familiares na comparação com o período anterior à guerra. A diferença, dividida pelo pagamento mensal de 21,9 mil rublos, indica que a Rússia terá que fornecer assistência às famílias de 102,7 mil militares que morreram ou morrerão na guerra da Ucrânia até 2024.

O número de mortos na Rússia está aumentando devido à contraofensiva de Kiev para retomar seus territórios ocupados. O Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia disse na última sexta-feira (13) que Moscou perdeu 1.030 soldados em 24 horas, totalizando 285.920 vítimas até agora no conflito, entre mortos e feridos.

O lado russo não costuma fazer balanços de baixas entre suas tropas. Em setembro do ano passado, o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmou que 5.937 soldados haviam perdido a vida nos confrontos iniciados em fevereiro de 2022, número que parece desconectado da realidade.

Tanto que uma investigação conjunta da BBC e do canal de notícias independente Mediazona, que revelou recentemente os nomes de 34.412 militares russos mortos na Ucrânia. A apuração, baseada em documentos públicos como atestados de óbito e relatos em jornais e redes sociais, sugere que as perdas reais são bem maiores, considerando os casos de soldados cujos nomes não foram obtidos pela investigação.

A Ucrânia também não costuma publicar dados sobre seus mortos, que, conformes estimativas de agências de inteligência ocidentais, também são consideráveis. Em abril, uma avaliação vazada da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA apontou que Kiev sofreu entre 124,5 mil e 131 mil baixas, incluindo 15,5 mil a 17,5 mil mortos e 109 mil a 113,5 mil feridos.

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