Elon Musk amplia influência política com apoio à extrema direita e coloca a Europa em alerta

Bilionário endossa partidos radicais, provoca lideranças progressistas e gera tensão às vésperas de eleições cruciais no continente

Conhecido tanto por sua fortuna quanto por suas controvérsias, o magnata Elon Musk tem gerado inquietação na Europa ao adotar uma postura cada vez mais alinhada à extrema direita. Utilizando a rede social X como megafone para suas ideias, ele endossou recentemente o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), sob investigação por extremismo, criticou duramente líderes como o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e mostrou que tem força para influenciar a opinião pública no continente. As informações são da agência Associated Press (AP).

Ao abordar o cenário político alemão, o bilionário disse que “apenas o AfD pode salvar a Alemanha“, que segundo ele está “à beira do colapso econômico e cultural”. A afirmação gerou reações imediatas, com Scholz respondendo que o futuro da nação será decidido por seus cidadãos, “não por donos de redes sociais”.

No Reino Unido, a postura de Musk não foi menos incendiária. Ele atacou Starmer, chamando-o de “tirano” e acusando-o de conivência em casos históricos de abuso sexual, acusações que o premiê classificou como “desinformação e mentiras”. “É preciso basear o debate político em fatos, não em ataques sem fundamento”, disse o primeiro-ministro.

Elon Musk: influência crescente na Europa (Foto: Daniel Oberhaus/WikiCommons)

Segundo especialistas, o X tornou-se uma arma para Musk consolidar sua influência política global. Andrew Chadwick, professor de comunicação política na Universidade de Loughborough, comparou o empresário aos antigos magnatas da imprensa, ao usar a mídia para promover sua própria agenda.

“Ele começou cada vez mais a reunir um grupo de diferentes influenciadores de direita, muitos deles com grandes seguidores, e a apresentar suas evidências como base para suas intervenções na política europeia”, disse Chadwick

Além de apoiar partidos controversos, Musk tem questionado legislações europeias voltadas para regular a desinformação online. Ele comparou iniciativas como a Lei de Serviços Digitais da União Europeia (UE) ao “controle estatal soviético”, intensificando tensões com autoridades do bloco.

Impactos no mercado e nas democracias

As intervenções políticas de Musk não estão isentas de riscos, tanto para sua reputação quanto para seus negócios. Dados da Jato Dynamics mostram que as vendas da Tesla na Europa caíram 13% nos primeiros nove meses de 2023, incluindo uma redução de 44% na Alemanha. Analistas acreditam que a postura polarizadora pode estar afastando consumidores no continente.

Apesar disso, Musk parece apostar no avanço da direita na Europa, estratégia que já deu certo nos Estados Unidos com Donald Trump. “A Europa está indo para a direita”, disse Felipe Munoz, analista da Jato para o setor automotivo, apontando para o sucesso de como a francesa Marine Le Pen e a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni.

Reações internacionais

As declarações de Musk, entretanto, têm atraído críticas de políticos europeus. O presidente francês Emmanuel Macron foi um que expressou preocupação com o impacto de bilionários da tecnologia nas democracias. “Quem poderia imaginar, há dez anos, que o dono de uma das maiores redes sociais do mundo interviria diretamente nas eleições, inclusive na Alemanha?”, questionou.

Na Grécia, o ministro da saúde Adonis Georgiadis classificou o comportamento de Musk como “alarmante e nada divertido”. E acrescentou: “Alguém não pode simplesmente usar sua plataforma, riqueza e conexões para tentar ditar como os governos são formados em cada nação.”

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