Através de um referendo realizado no final de semana, os cidadãos da Moldávia aprovaram a adesão à União Europeia (UE), distanciando ainda mais o país da influência russa. O pleito foi marcado por denúncias feitas pela presidente Maia Sandu de que Moscou realizou uma campanha de desinformação na tentativa de influenciar os votos contrários ao ingresso no bloco.
“Grupos criminosos, trabalhando em conjunto com forças estrangeiras hostis aos nossos interesses nacionais, atacaram nosso país com dezenas de milhões de euros, mentiras e propaganda, usando os meios mais vergonhosos para manter nossos cidadãos e nossa nação presos na incerteza e instabilidade”, disse Sandu, segundo a agência Associated Press (AP).

Com mais de 99% dos votos apurados, a vitória do “sim” já está assegurada. Os dados mais recentes apontam 50,39% votos a favor da adesão à UE e 49,61% contrários, resultado que não pode mais ser alterado. O comparecimento às urnas superou os 50%, e assim o pleito conseguiu superar tranquilamente o mínimo de 33% exigido para ser validado.
A Moldávia, um dos países mais pobres da Europa, está situada entre a Ucrânia e a Romênia. O país enfrenta problemas de corrupção e depende significativamente das remessas enviadas por sua grande diáspora espalhada pela Europa. Apesar dos esforços da Rússia para desacreditá-la, essa conexão com o restante do continente é de grande importância e motivou a candidatura do país ao bloco.
A relação com Moscou, porém, também é forte. Antiga república soviética e com maioria de língua romena, a Moldávia tem uma região separatista pró-Rússia chamada Transnístria. Após a invasão da Ucrânia pelas tropas do Kremlin, Kiev rapidamente fechou a fronteira de 452 quilômetros que compartilha com a Transnístria, temendo que fosse usada para fortalecer a agressão.
A própria Moldávia teme uma invasão pela Transnístria, onde Moscou mantém cerca de 1,5 mil soldados de paz desde o cessar-fogo de 1992, quando foi encerrada um curto conflito entre os separatistas e as forças moldavas. Recentemente, o presidente separatista local, Vadim Krasnoselsky, colocou mais lenha na fogueira ao pedir “proteção” a Moscou, alegando que Chisinau vinha sufocando a região. Ele, porém, tentou contemporizar, alegando que não falava de suporte militar.
Apesar da apreensão, os moldavos entendem que um invasão russa neste momento é inviável. Segundo o ministro das Relações Exteriores Mihai Popsoi, a segurança do país em parte é assegurada por Kiev, vez que as Forças Armadas russas estão comprometidas com a guerra e desgastadas em função da resistência dos ucranianos.