EUA avisam que aliados da Otan não podem depender da proteção norte-americana

Secretário de Defesa faz o alerta conforme a aliança debate o aumento dos gastos militares para até 5% do PIB de cada país

O secretário de Defesa norte-americano, Pete Hegseth, afirmou nesta quinta-feira (5) que os países europeus não devem contar com proteção automática de seu mais importantes aliado dentro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A declaração foi feita em Bruxelas pouco antes da reunião dos ministros da Defesa da aliança, que antecede cúpula de líderes prevista para este mês em Haia. “Não pode e não será uma dependência dos Estados Unidos”, disse ele, conforme relata o site Politico.

Hegseth reiterou o apoio dos EUA à aliança militar transatlântica, mas deixou claro que os demais países precisam assumir maior responsabilidade por sua própria segurança. “Os Estados Unidos têm orgulho de estar aqui, de apoiar nossos aliados, mas nossa mensagem continuará clara: é dissuasão e paz por meio da força, mas não pode ser dependência”, declarou.

Na reunião, os ministros devem aprovar novas metas de capacidades militares e abrir caminho para um pacto que eleve os gastos com defesa para pelo menos 5% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país, mais que o dobro da atual meta de 2%.

Reunião entre a liderança da Otan e representantes do governo dos EUA (Foto: Otan/Flickr/divulgação)

A cobrança acontece em meio a falas recentes do presidente Donald Trump, que tem questionado publicamente o compromisso americano com o artigo 5º do tratado, que prevê resposta coletiva a ataques contra qualquer membro.

Na véspera da reunião, o embaixador dos EUA na Otan, Matthew Whitaker, reafirmou a posição oficial. “Nosso compromisso com o Artigo 5 continua, mas também achamos razoável que nossos aliados estejam igualmente comprometidos com o Artigo 3”, declarou, referindo-se à cláusula segundo a qual cada país-membro deve desenvolver individualmente sua capacidade de defesa.

Hegseth também destacou que a meta de 5% precisa ser cumprida por todos os integrantes da aliança. “O motivo de eu estar aqui é garantir que todos os países da Otan entendam que todos devem pôr o ombro na roda. Cada país precisa contribuir nesse nível de 5%”, afirmou.

Rumo aos 5% de investimento em defesa

O novo patamar de investimento deve ser formalizado na cúpula de Haia, que ocorre ainda este mês. “Estou confiante de que um acordo será alcançado em Haia”, concluiu o secretário. Já existem, entretanto, movimentos nesse sentido.

Durante o evento desta quinta, o debate gira em torno de uma meta combinada que inclui 3,5% em armamentos e 1,5% em áreas como defesa civil e cibersegurança. A Espanha é o único país que ainda resiste abertamente à nova meta. Em 2023, o país gastou apenas 1,28% do PIB em defesa, abaixo dos 2% exigidos atualmente.

Enquanto isso, outros países discutem o que pode ou não entrar na conta de 1,5% de gastos adicionais propostos pela Otan. A ideia é que essa fatia cubra áreas como cibersegurança e defesa civil, mas há tentativas de esticar a lista. A Alemanha, por exemplo, batalha para incluir até o financiamento da Deutsche Welle (DW), sua emissora pública internacional, uma articulação para flexibilizar a meta.

O cronograma também está em aberto. A meta inicial era atingir os percentuais propostos até 2032, mas há pressão para estender o prazo até 2035. A liderança da Otan propõe um aumento progressivo de 0,2% do PIB por ano, enquanto vários países preferem manter liberdade para concentrar investimentos em momentos específicos — como em grandes compras de armamentos.

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