Governo dos EUA condena deportações forçadas de ucranianos pela Rússia

Segundo o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, ações de Moscou, que incluem maus tratos, são “um crime de guerra”

Os EUA instaram a Rússia a cessar imediatamente suas operações de “filtragem” e deportações forçadas em áreas controladas por Moscou na Ucrânia, com milhares de ucranianos supostamente submetidos a maus tratos. As informações constam de um comunicado do chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, publicado no site do Departamento de Estado.

“As autoridades russas devem liberar os detidos e permitir que os cidadãos ucranianos retirados à força ou coagidos a sair de seu país tenham a capacidade de voltar para casa prontamente e em segurança”, disse Blinken.

O secretário de Estado dos EUA também cobrou de Moscou acesso de observadores externos independentes aos chamados “campos de filtragem” russos. Tais locais foram descritos como grandes tendas improvisadas, que servem como áreas de recepção inicial aos ucranianos deportados, onde eles estariam passando por situações tidas como humilhantes.

Ucranianos aguardam evacuação na cidade de Kramatorsk, região de Donetsk, Ucrânia (Foto: Andrii Magomedov/Unicef)

Lá, os deslocados são fotografados, têm suas impressões digitais recolhidas, são despidos e forçados a entregar seus telefones celulares, senhas e identificação. Depois, passam por interrogatório e, em alguns casos, são supostamente submetidos a tortura por autoridades russas.

Segundo Blinken, cidadãos ucranianos também têm sido coagidos nesses campos “a assinar acordos para permanecer na Rússia, dificultando sua capacidade de retornar livremente para casa”.

“Há relatos de que alguns indivíduos alvos de ‘filtragem’ foram sumariamente executados, consistentes com evidências de atrocidades russas cometidas em Bucha, Mariupol e outros locais na Ucrânia”, acrescentou o principal diplomata dos EUA.

No final de maio, segundo informações da agência estatal ucraniana Ukrinform, com base em informações da então ouvidora de direitos humanos Lyudmyla Denisova, que já deixou o cargo, mais de 200 mil cidadãos ucranianos haviam sido deportados de Mariupol para o território da Federação Russa. Lá, durante a evacuação da cidade, os invasores russos teriam interrogado até crianças na filtragem.

Responsabilização

Blinken disse que o presidente Vladimir Putin e seu governo não sairão impunes do que ele chamou de “abusos sistemáticos”, mencionando que indícios de violações do direito internacional estão sendo coletadas. 

“A responsabilidade é imperativa. É por isso que estamos apoiando os esforços das autoridades ucranianas e internacionais para coletar, documentar e preservar evidências de atrocidades. Juntos, nos dedicamos a responsabilizar os autores de crimes de guerra e outras atrocidades”, disse o Secretário de Estado.

“Desinformação ocidental”, rebate embaixada

No Facebook, a Embaixada da Rússia em Washington definiu os comentários de Blinken como uma tentativa de disseminar a “russofobia” e a “desinformação ocidental de baixa qualidade”.

“A tentativa de Washington de difamar as forças armadas da Federação Russa está aparentemente ligada à insatisfação com o sucesso da ‘operação militar especial'”, diz a publicação compartilhada na quarta-feira (13).

O post ainda afirma que as “organizações públicas e os russos comuns prestam assistência abrangente aos residentes dos territórios libertados” e que “mais de 43 mil (ucranianos) já foram transferidos para a população das Repúblicas Populares de Donbass, bem como as regiões de Kharkiv, Zaporizhzhya e Kherson”, junto de “uma tonelada de produtos essenciais, como alimentos e medicamentos”.

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