Líderes europeus se reúnem nesta semana em Paris para uma cúpula emergencial sobre a guerra na Ucrânia, após o governo de Donald Trump anunciar negociações diretas com a Rússia para encerrar o conflito sem a presença da Europa. A medida gerou receios tanto em Kiev quanto entre os aliados europeus. As informações foram divulgadas pela rede CNN.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, classificou a reunião como um “momento único para a segurança nacional” e alertou para os riscos de a Europa ser excluída das negociações. Nos últimos dias, Trump e sua equipe abalaram a frente unida entre os EUA e os aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao indicarem um novo rumo para as tratativas de paz com Moscou.

O governo americano enviou o secretário de Estado, Marco Rubio, o enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o assessor de Segurança Nacional, Mike Waltz, para a Arábia Saudita, onde as conversas preliminares devem começar na terça-feira (18). Um oficial saudita confirmou que o país atuará como mediador.
A Ucrânia afirmou que não participará dos diálogos. No entanto, Keith Kellogg, enviado de Trump para questões entre Rússia e Ucrânia, mencionou um modelo de negociação “em duas frentes” e visitará Kiev nesta semana. Trump, por outro lado, declarou no domingo (16) que os ucranianos fariam parte do processo.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reforçou sua oposição a qualquer decisão tomada sem a presença de seu governo. “Nunca aceitarei qualquer decisão entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a Ucrânia”, afirmou em entrevista à NBC News.
Além de Starmer, a reunião contará com a presença dos líderes de Alemanha, Itália, Polônia, Espanha, Holanda e Dinamarca, além do presidente do Conselho Europeu, da Comissão Europeia e do secretário-geral da Otan. De acordo com o Palácio do Eliseu, anfitrião do encontro, será uma reunião informal para discutir os próximos passos.
Em um artigo publicado no jornal Daily Telegraph, Starmer declarou estar “pronto e disposto” a enviar tropas britânicas para a Ucrânia para garantir a implementação de um eventual acordo de paz, caso necessário.
A mobilização europeia ocorre após Trump manter uma longa conversa telefônica com Vladimir Putin e anunciar que as negociações para encerrar a guerra começariam “imediatamente”. Em seguida, Kellogg confirmou que os europeus não teriam assento direto na mesa de negociações.
Por outro lado, Rubio afirmou que as conversas iniciais com Moscou buscam avaliar se a Rússia está disposta a encerrar o conflito. Ele também indicou que, caso as negociações avancem positivamente, Ucrânia e Europa poderiam ser incluídas em fases posteriores. A declaração veio após um contato com o chanceler russo, Sergei Lavrov, que visava estabelecer um canal de comunicação aberto entre os países.
O presidente francês, Emmanuel Macron, conversou no domingo (17) com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e destacou a necessidade de manter a Europa no centro dos esforços para alcançar a paz na Ucrânia. O encontro em Paris será um primeiro passo para definir uma resposta coordenada do bloco europeu diante da nova abordagem de Washington.