Ex-ministro do Interior da Letônia é preso acusado de espionagem em favor da Rússia

Janis Adamsons foi sentenciado a oito anos de prisão sob a acusação de atuar a serviço do FSB (Serviço Federal de Segurança)

Um tribunal de Riga, na Letônia, sentenciou na quinta-feira (9) o ex-ministro do Interior do país Janis Adamsons a oito anos de prisão sob a a acusação de agir como um espião a serviço da Rússia. As informações são do jornal independente The Moscow Times.

A acusação foi baseada em indícios de que Adamsons mantinha ligação com o FSB (Serviço Federal de Segurança), principal agência doméstica de segurança da Rússia e herdeira da antiga KGB dos tempos de União Soviética.

“Adamsons coletou informações secretas e não confidenciais para os serviços secretos russos, de forma ilegal, sistemática e direcionada”, disse o juiz Erlens Ernstsons ao anuncia a sentença.

Ex-ministro do Interior da Letônia Janis Adamsons (Foto: reprodução/Facebook)

Veterano da política letã, Adamsons foi ministro entre 1994 e 1995 e depois se elegeu parlamentar, tendo exercido seis mandatos até ser preso em 2021.

A ligação do político com o governo russo data dos tempos de União Soviética, quando ele serviu à Marinha do país que se fragmentou em 1991. Após a separação, ele deu continuidade à carreira militar nas Forças Armadas da Letônia.

De acordo com um dos promotores responsáveis pelo caso, a colaboração dele com o Kremlin não ocorreu por dinheiro, e sim por “convicções ideológicas”.

No mesmo julgamento foi condenado a sete anos de prisão um segundo cidadão letão, Gennady Silonov, ex-agente da KGB soviética na década de 1980 que nos últimos anos serviu como intermediário de Adamsons, com que teria mantido cerca de 40 reuniões ao longo de quatro anos.

Por que isso importa?

Letônia e Rússia têm se distanciado cada vez mais, um processo de ruptura diplomática intensificado em razão da guerra na Ucrânia, a ponto de Riga ter expulsado em abril de 2022 alguns diplomatas russos que atuavam no país.

Na ocasião, a Letônia alegou que decidiu “reduzir suas relações diplomáticas com a Federação Russa” em função das inúmeras acusações de crimes de guerra que pesam contra as tropas russas no confronto da Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro de 2022.

Foram sobretudo os abusos cometidos no território ucraniano que levaram Riga, em agosto do ano passado, a classificar Moscou como ‘Estado patrocinador do terror’.

A Letônia igualmente levou em consideração, ao adotar tal classificação, o alinhamento do Kremlin com a Síria na guerra civil do país árabe, a derrubada de um avião carregado de civis em Donetsk, tragédia atribuída a um ataque russo, e outros episódios de violência envolvendo o governo russo.

Ao confirmar a ruptura das relações com Moscou, o Saeima, a câmara legislativa letã, incentivou outros países a adotarem medidas semelhantes, bem como pediu à União Europeia (UE) o corte da emissão de vistos de turistas para cidadãos russos e belarussos. Este pedido, entretanto, não foi acatado.

“O Saeima reconhece a violência da Rússia contra civis, que estão sendo perseguidos para fins políticos, como terrorismo, e a Rússia, como um país que apoia o terrorismo, e pede a outros países de pensamento semelhante que expressem tal opinião”, disse comunicado do parlamento na ocasião.

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