França prepara ‘manual de sobrevivência’ e alerta população para risco de guerra e outras catástrofes

Medida sugere ações preventivas para casos de conflito armado, ameaça nuclear, ataques cibernéticos e eventos naturais

O governo francês estuda enviar uma espécie de “manual de sobrevivência” para todas as residências do país antes do verão europeu, segundo informações divulgadas pela rádio Europe 1. A publicação, cujo esboço inicial tem cerca de 20 páginas, orienta os cidadãos sobre como agir em situações extremas, desde crises de saúde e desastres naturais até conflitos armados e ataques cibernéticos em larga escala.

Dividido em três partes principais, o manual destaca “ações corretas a serem tomadas no caso de uma ameaça iminente na França“, com números de emergência, canais de rádio e instruções específicas para situações de risco nuclear, como o fechamento de portas e janelas. Ainda incentivar os franceses a participarem ativamente da defesa de suas comunidades, sugerindo, por exemplo, o ingresso em unidades da reserva militar ou grupos locais de combate a incêndios.

“O objetivo é dizer aos franceses para se prepararem para qualquer eventualidade, não apenas para conflitos armados. Como a doutrina francesa é sobre dissuasão, seria contraproducente focar somente em conflitos armados e colocar isso na mente dos franceses”, disse um funcionário do governo citado pela emissora, cuja identidade não foi revelada.

Presidente francês Emmanuel Macron em cerimônia em frente ao Arco do Triunfo, em Paris, onde fica o túmulo do soldado desconhecido (Foto: elysee.fr/divulgação)

Além disso, o guia traz orientações detalhadas para montagem de um “kit de sobrevivência”, contendo no mínimo seis litros de água, alimentos enlatados, baterias, lanterna e medicamentos básicos, como paracetamol, compressas e solução salina.

O anúncio surge conforme o presidente Emmanuel Macron assume um protagonismo maior no confronto entre o Ocidente e a Rússia, inclusive oferecendo o arsenal nuclear francês como principal ferramenta de dissuasão militar, conforme crescem as dúvidas sobre a manutenção do suporte militar norte-americano à Europa.

“Nosso país e nosso continente terão que continuar a nos defender, equipar e nos preparar se quisermos evitar a guerra”, disse Macron na terça-feira (18), segundo o The Wall Street Journal. “Ninguém sabe o que vai acontecer nos meses e anos que virão. O que eu quero é que estejamos prontos.”

Inspiração na Escandinávia

A iniciativa francesa acompanha outras semelhantes adotadas por países como a Suécia, que no final de 2024 distribuiu cerca de cinco milhões de panfletos incentivando seus habitantes a se prepararem para eventuais situações de guerra. Na mesma época, a Finlândia lançou um portal de preparação para emergências com objetivo semelhante.

Desde o início da guerra da Ucrânia, desencadeada pela invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, Estocolmo tem reiterado a necessidade de os suecos se prepararem, tanto mental quanto logisticamente, para a possibilidade de guerra, citando a grave situação de segurança na região.

O folheto distribuído aos cidadãos da Suécia, intitulado “Se a crise ou a guerra vier”, foi enviado pela Agência Sueca de Contingências Civis (MSB) e oferece orientações sobre como se preparar para emergências semelhantes às temidas por Paris, como conflitos armados, desastres naturais ou ataques cibernéticos.

O documento de 32 páginas apresenta, com ilustrações simples, as ameaças que o país enfrenta. Além disso, fornece dicas de preparação, como manter estoques de alimentos não perecíveis e armazenar água. A MSB destacou que a versão de 2024 tem um foco mais intenso na preparação para a guerra, se comparado a uma versão já existente anteriormente.

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