A Escócia anunciou na quarta-feira (3), por meio de um canal oficial do governo, que deixará de fornecer verbas públicas a empresas de defesa que comercializam armas com Israel, em uma medida que coloca Edimburgo em confronto direto com o governo do Reino Unido. O primeiro-ministro escocês, John Swinney, também pediu a retirada britânica do Acordo de Livre Comércio entre o Reino Unido e o Estado judeu, cujas negociações foram suspensas por Londres em maio.
Falando aos membros do Parlamento Escocês em Holyrood, Swinney afirmou que novas concessões de verbas públicas a empresas de armamento serão suspensas quando houver evidências plausíveis de envolvimento em genocídio.
“Qualquer empresa de defesa que solicite apoio do governo escocês terá de comprovar que seus produtos não estão envolvidos militarmente com Israel”, disse.

A medida se aplica a novos subsídios, investimentos do governo escocês, agências empresariais e ao Banco Nacional Escocês de Investimento. Segundo Swinney, a Escócia tem o “dever de agir conforme o direito internacional diante de um sério risco de genocídio”.
Além da restrição a fundos públicos, Swinney anunciou uma doação de 400 mil libras (cerca de R$ 2,9 milhões) à instituição escocesa Kids Operating Room para criar em Gaza um Centro de Preparação de Campo HOPES, um projeto humanitário governamental. O financiamento ajudará a liberar US$ 15 milhões adicionais para a construção de um hospital de rápida implantação na região. Outros £ 600 mil (R$ 4,4 milhões) serão destinados ao Fundo Humanitário para os Territórios Palestinos Ocupados, administrado pelo Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
O anúncio ocorreu antes de um debate parlamentar sobre uma emenda apresentada pelos Verdes Escoceses, que propõe o boicote imediato a Israel e a empresas envolvidas os ataques em Gaza e nos assentamentos ilegais na Cisjordânia.
O líder do Partido Trabalhista Escocês, Anas Sarwar, classificou a situação em Gaza como “incomumente intolerável” e pediu o fim imediato do derramamento de sangue. Ele chamou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu de “criminoso de guerra” e afirmou que ele deve ser responsabilizado e responder à justiça. Sarwar também elogiou o compromisso do governo britânico em reconhecer o Estado da Palestina.