Historicamente neutra, Suíça adere ao projeto de mobilidade militar da União Europeia

Berna aderiu ao projeto de mobilidade militar da UE, garantindo deslocamentos de forças e equipamentos sem comprometer sua neutralidade

A Suíça oficializará sua participação no projeto de mobilidade militar da União Europeia (UE), uma iniciativa que busca facilitar o deslocamento de forças e equipamentos militares dentro e entre os estados-membros. A adesão foi confirmada após a aprovação unânime dos Estados-membros, que enviaram um convite formal ao país na última segunda-feira (13). As informações são do Euronews.

O projeto tem como objetivo agilizar e desburocratizar o transporte de tropas, armamentos e outros recursos militares através de diferentes modais, como ferrovias, estradas, aéreas e vias marítimas. Segundo o Departamento Federal de Defesa, Proteção Civil e Esporte (DDPS, da sigla em inglês) da Suíça, a participação é compatível com o princípio de neutralidade do país.

“A participação da Suíça no projeto é compatível com o princípio da neutralidade, pois não implica nenhum compromisso legal ou de fato com a defesa coletiva”, explicou o órgão à reportagem.

Tropas aliadas da Otan de Estônia, França e Reino Unido treinam juntas na Estônia, novembro de 2023 (Foto: Otan/Flickr)
Reduzindo barreiras logísticas

O Conselho Federal da Suíça já havia decidido, em agosto, apoiar a iniciativa da UE, que também inclui países de fora do bloco, como Estados Unidos, Canadá, Noruega e Reino Unido. No entanto, a oficialização dependia de um convite formal por parte da Holanda, responsável pela coordenação do projeto. Agora, o único passo pendente é a assinatura de um acordo administrativo que estabelecerá os detalhes da cooperação.

Comparada ao sistema Schengen, que facilita a mobilidade civil entre países europeus, a Iniciativa de Mobilidade Militar busca uma resposta rápida e eficaz a crises nas fronteiras externas do bloco ou em missões multilaterais, como as da Otan. O Plano de Ação sobre Mobilidade Militar (2022-2026) também visa fortalecer a infraestrutura de transporte usada para fins civis e militares, incluindo rodovias, ferrovias, hidrovias e aeroportos.

Expansão na cooperação internacional

A adesão da Suíça ao projeto de mobilidade militar é acompanhada de outro passo importante: o interesse em integrar o projeto Cyber Ranges Federation, coordenado pela Estônia desde 2021. Essa iniciativa busca aprimorar a qualidade do treinamento das Forças Armadas Suíças e fortalecer sua interoperabilidade com outros países.

“Os dois projetos — Cyber Ranges Federation e Military Mobility — oferecem a oportunidade de expandir a cooperação internacional entre as forças armadas e, assim, fortalecer as capacidades de defesa nacional da Suíça e suas contribuições para a segurança europeia”, destacou o DDPS.

Embora não tenha planos imediatos de participar de outros projetos da Cooperação Estruturada Permanente (PESCO), a Suíça não descarta essa possibilidade no futuro. Atualmente, a PESCO inclui diversos países europeus, com exceção de Malta, que optou por não participar. O foco da iniciativa é aprofundar a colaboração em defesa, tanto entre estados-membros da UE quanto com parceiros da Otan.

Neutralidade em foco

A decisão da Suíça de participar de projetos militares europeus levanta questões sobre sua histórica neutralidade. No entanto, as autoridades reiteram que essas colaborações não representam qualquer compromisso com alianças de defesa coletiva.

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