Um líder religioso islâmico que expressou apoio a uma terrorista da Al-Qaeda recebeu carta verde para abrir uma creche do Escritório de Normas em Educação (Ofsted, da sigla em inglês) na cidade de Bradford, na Inglaterra. O órgão regulador, que é um departamento não ministerial subordinado ao Parlamento britânico, foi criticado por uma ONG antiextremismo pela decisão. As informações são do jornal britânico Daily Mail.

Em 2015, o imame Muhammad Asim Hussain encorajou seguidores da mesquita Al-Hikam, localizada na mesma cidade, a participarem de um evento em apoio a Aafia Siddiqui, uma neurocientista paquistanesa que atualmente cumpre pena de 86 anos nos EUA por tentar matar soldados norte-americanos no Afeganistão com uma metralhadora em 2008. Conhecida como “Lady Al-Qaeda”, ela virou uma espécie de ícone entre os jihadistas.

A Lady Al-Qaeda voltou às manchetes no mês passado, quando o sequestrador da sinagoga do Texas, Malik Faisal Akram, exigiu a libertação dela depois de fazer quatro reféns. Ele foi morto a tiros durante a operação de resgate da polícia depois que seus prisioneiros escaparam após mais de dez horas de cárcere. O corpo foi velado na cidade de Blackburn, na última sexta-feira (4), e a família pediu desculpas pelos atos do extremista.

Em um vídeo, Hussain disse que a inauguração do berçário, que tem capacidade para acolher 350 crianças entre 3 e 4 anos, evidenciaria a “injustiça e, mais importante, a opressão que foi dada e infligida à nossa irmã Dra. Aafia Siddiqui, que está atualmente na prisão”. Em 2019, ele havia sido afastado do cargo na mesquita após acusações de má conduta, mas foi reconduzido no ano passado.

No dia 7 de janeiro, o imame celebrou a notícia em sua página no Facebook, afirmando que o acordo do Ofsted representa um “grande marco”. Ele também publicou fotos do berçário, batizado como “Little Wisdoms Nursery” (Creche Pequenos Saberes). O templo que ele administra é uma instituição de caridade registrada.

No entanto, o órgão regulador disse que reexaminaria o caso depois que o jornal The Mail on Sunday repercutiu o caso.

David Ibsen, diretor executivo da ONG Counter Extremism Project (Projeto Contra Extremismo, em tradução literal), declarou que “Al-Hikam não deveria ter permissão para educar jovens cidadãos britânicos em seu berçário quando há um histórico de adoção de crenças censuráveis ​​e opressivas”.

Uma porta-voz do Ofsted disse que o departamento foi alertado sobre a questão e uma investigação foi aberta. “Levamos muito a sério as preocupações de proteção e consideramos todas as informações que recebemos”, alegou o órgão em nota.