‘Inferno’: Soldado russo desencoraja a participação na guerra na Ucrânia

Putin convoca russos para se alistarem e promete salário inicial de 160 mil rublos por mês, mais de três vezes a média nacional

Um vídeo que viralizou nas redes sociais revelou a franca descrição de um soldado russo sobre a realidade “infernal” de combater nas forças de Vladimir Putin durante a invasão em grande escala da Ucrânia. As informações são da revista Newsweek.

Apesar do chefe do Kremlin não ter declarado uma mobilização total para compensar as significativas perdas no front no país vizinho, potenciais recrutas são atraídos por anúncios que prometem salários iniciais de 160 mil rublos (cerca de R$ 9,1 mil) por mês – mais do que o triplo da média nacional. Além disso, há outros benefícios, incluindo pagamentos únicos.

Apesar da oferta sedutora, um militar não identificado compartilhou um conselho contundente aos compatriotas, particularmente endereçados a aqueles sem experiência militar, em um vídeo divulgado no X, antigo Twitter, pela conta pró-ucraniana War Translated.

Soldados do exército da Rússia (Foto: reprodução/Facebook)

Nele, o militar relata ter testemunhado recrutas inexperientes que se alistaram “pelo dinheiro”, apenas para enfrentarem um destino trágico – muitos foram mortos logo após sua chegada. Um desses recrutas era um jovem de 19 anos que não tinha conhecimento sobre manuseio, carregamento ou desmontagem de um rifle de assalto.

“Você vai ganhar dinheiro”, alertou o militar. O vídeo atraiu centenas de milhares de visualizações até esta segunda-feira (29). “Mas você achou que seria fácil? Caramba, não!”.

O militar advertiu que aqueles que buscam heroísmo estão no lugar errado, pois logo confrontarão o horror da morte e da violência no campo de batalha. Ele descreveu a experiência como “mais do que medo”, sendo um terror que os recrutas precisarão superar para evitar a deserção ou a captura.

Aos recrutas que buscam dinheiro na guerra, ele descreveu a experiência como um “inferno”. Ele alertou que o heroísmo e o patriotismo desaparecem rapidamente diante do horror da guerra e aconselhou fortemente contra a decisão, especialmente para aqueles sem experiência militar.

“Eu só quero explicar às pessoas o que está acontecendo aqui”, acrescentou ele, descrevendo como a situação não se assemelhava à Segunda Guerra Mundial, “onde você simplesmente ia matar alemães”. Em vez disso, era uma “guerra moderna”, onde era crucial estar atento a munições cluster, drones e bombardeios.

Segundo Leo Docherty, ministro das Forças Armadas britânicas, as perdas russas foram estimadas em 450 mil, incluindo mortos e feridos. Essa cifra não difere muito do último número divulgado pela Ucrânia na segunda-feira, que foi de 467.470.

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