Iniciativa de Grãos do Mar Negro exporta um milhão de toneladas de alimentos

Após acordo assinado em julho, coordenador da ONU na operação diz que conquista é notável, mas apenas “um começo”

O coordenador da ONU para a Iniciativa de Grãos do Mar Negro, Amir Abdulla, celebrou a marca de um milhão de toneladas de alimentos exportados desde o início do acordo, em 22 de julho.

Para ele, esta “conquista notável” foi possível graças aos esforços coletivos e trabalho árduo do Centro de Coordenação Conjunta, mecanismo baseado em Istambul que monitora os movimentos dos navios para garantir a implementação da Iniciativa.

O Centro de Coordenação Conjunta reúne representantes da Ucrânia, Rússia, Turquia e ONU, signatários do acordo. As operações começaram em 1º de agosto e já possibilitaram dezenas de viagens pelo Mar Negro. Neste sábado (27), as equipes realizaram a centésima inspeção de navios cargueiros. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, supervisionou a saída de dois navios envolvidos na operação quando esteve na região na semana passada.

Porto de Odessa, de onde habitualmente saem grãos que a Ucrânia exporta (Foto: Wikimedia Commons)

Para o coordenador da Iniciativa, em um momento em que o mundo enfrenta insegurança alimentar e altos preços, a importância do acordo é clara. 

Segundo Amir Abdulla, à medida que volumes crescentes da produção agrícola da Ucrânia estão sendo disponibilizados para o mercado por via marítima, a confiança cresceu nas indústrias de alimentos e transporte, reduzindo preços e risco.

Ele lembrou que, embora o acordo cubra as operações comerciais para a retomada das exportações, o PMA (Programa Mundial de Alimentos) também conseguiu retomar a compra de trigo ucraniano para suas operações humanitárias em países como Etiópia e Iêmen.

Abdulla ressaltou que esses são passos importantes na implementação do acordo. Mas, para ele, muito mais ainda precisa ser feito. E afirmou que, em todo o mundo, os altos preços dos combustíveis e fertilizantes, as mudanças climáticas e os conflitos estão colocando imensa pressão sobre agricultores e consumidores e levando outros milhões à pobreza e à fome.

De acordo com Abdulla, a Iniciativa de Grãos do Mar Negro liberou espaço em silos ucranianos, que possuíam milhões de toneladas de produtos de safras anteriores estocados. No entanto, muito mais grãos precisam ser exportados para acomodar a nova safra.

Além do fluxo de grãos, o representante da ONU afirma que também é urgente a exportação de fertilizantes para que agricultores de todo o mundo possam continuar a produzir alimentos no próximo ano a um custo acessível.

Para ele, as toneladas embarcadas até agora foram “apenas um começo”. Abdulla adicionou que o mundo não pode se dar ao luxo de ter alimentos e fertilizantes retidos e que cada remessa liberada por essa rota ajuda a acalmar os mercados, aumentar o suprimento de alimentos e manter os agricultores produzindo.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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