Jornalista investigativo é adicionado à lista de procurados pelo governo da Rússia

Sergei Reznik, que denunciou casos de corrupção e abusos do governo, foi incluído na lista pelo Ministério do Interior por "justificar o nazismo"

O jornalista russo Sergei Reznik, notório por seu trabalho de investigações de casos de corrupção e abusos do governo, foi incluído na lista de procurados pelo Ministério do Interior da Rússia no último fim de semana. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Alguns meios de comunicação locais dão conta de que Reznik estaria listado por ter supostamente “justificado o nazismo”, mas nenhum detalhe aprofundado foi dado sobre sua inclusão na lista.

A acusação, de acordo com a imprensa russa, se baseia em vagas publicações nas redes sociais que aparecem em contas suspeitas atribuídas ao jornalista.

Jornalista investigativo é adicionado à lista de procurados pelo governo da Rússia
Reznik é acusado de ter endossado o nazismo em mídias sociais (Foto: Bureau of Democracy, Human Rights, and Labor/Reprodução Twitter)

Reznik foi condenado em 2013 a um ano e meio de prisão, acusado de suborno e insulto público a um funcionário do Kremlin. Mais tarde, ele cumpriu mais 18 meses depois que um tribunal o considerou culpado por falsa denúncia. Após cumprir pena, ele voltou a atuar como jornalista investigativo.

O profissional de imprensa alega que sete processos criminais foram abertos contra ele, sendo todas as supostas vítimas promotores, juízes ou policiais. Ele também afirma que, no ano passado, a polícia e a promotoria receberam 15 reclamações de residentes do território de Krasnodar, no sudeste da Rússia europeia, contra ele e três de seus colegas.

Por que isso importa?

Jornalistas e veículos de imprensa críticos ao governo são alvo de uma perseguição que tem o respaldo da Justiça do país. Em junho, outro jornalista, Ivan Pavlov, ex-diretor da Fundação Anticorrupção de Alexei Navalny, também entrou para a lista de procurados da Rússia. O ministério do Interior não especificou o crime para ordenar a prisão.

Em julho, após a publicação de reportagens desfavoráveis ao presidente Vladimir Putin, o site The Insider e cinco jornalistas do veículo foram listados como “agentes estrangeiros”. A medida seria um ato de vingança contra a mídia independente por ajudar a revelar o papel do Kremlin nos envenenamentos do ex-espião Sergei Skripal, bem como outras tentativas de assassinato pela FSB (Agência Nacional de Segurança, da sigla em inglês).

A designação de “agente estrangeiro” carrega conotações negativas da era soviética e serve para rotular o que seriam organizações envolvidas em atividades políticas financiadas pelo exterior. A classificação acaba por afastar potenciais parceiros e anunciantes e muitas vezes sufoca financeiramente os veículos, obrigados ainda a fornecer ao governo relatórios detalhados sobre suas finanças e atividades.

Jornalistas independentes ou representantes de veículos de mídia que tenham se esquivado das exigências três vezes após terem o nome incluído na lista podem pegar pena de até dois anos de prisão, de acordo com o código penal russo.

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