Justiça da Suíça oficializa decisão de extraditar hacker russo para os EUA

Vladislav Klyushin é cidadão russo e foi acusado de empreender um ataque cibernético contra duas empresas norte-americanas

A Corte Federal Criminal de Zurique, na Suíça, publicou nesta segunda-feira (1) a decisão judicial que determina a extradição para os EUA de Vladislav Klyushin, cidadão russo acusado de empreender um ataque cibernético contra duas empresas norte-americanas. As informações são da Radio Free Europe.

Klyushin é acusado de acessar dados digitais não-autorizados de duas empresas norte-americanas responsáveis pela publicação de informações financeiras de dezenas de companhias listadas na bolsa de valores. Ele aproveitou os dados para atuar no mercado financeiro e obteve um lucro de dezenas de milhões de dólares.

Oliver Ciric, advogado de Klyushin, questionou o comportamento da Justiça suíça no caso. “Entramos com um recurso em 6 de dezembro. Consideramos que o Tribunal Criminal Federal Suíço não analisou totalmente o argumento do caso político”, disse ele.

Vladislav Klyushin, cidadão russo preso na Suíça sob acusações dos EUA (Foto: reprodução/redes sociais)

hacker foi preso a pedido do Departamento de Justiça dos EUA em março deste ano, quando desembarcou na Suíça em um voo privado proveniente da Rússia.

A extradição de Klyushin para os Estados Unidos foi aprovada em junho, depois que o Escritório Federal de Justiça da Suíça rejeitou um pedido russo de extradição de Klyushin para Moscou para ser julgado lá. Agora, com o aval da Justiça suíça para a extradição, ele será julgado nos Estados Unidos.

Os cúmplices de Klyushin, que não foram detidos pelas autoridades norte-americanas, já haviam sido julgados à revelia em julho de 2018. Juntos, eles são acusados ainda de invasão cibernética aos sistemas do Partido Democrata durante a corrida presidente de 2016, quando Hillary Clinton era a candidata da sigla.

Washington acredita que a extradição de Klyushin ajudará o governo norte-americano a obter respostas mais precisas sobre o papel do Kremlin nos repetidos ataques cibernéticos praticados contra governos e empresas ocidentais, com o objetivo interferir na economia e na política dos EUA e de seus aliados.

Por que isso importa?

Os EUA têm aumentado a pressão sobre a Rússia em meio aos seguidos ataques cibernéticos cometidos por grupos russos de hackers contra empresas e governos ocidentais. Em julho, o presidente norte-americano Joe Biden chegou a cobrar explicitamente uma ação de Moscou durante conversa telefônica com o líder russo Vladimir Putin.

“O presidente Biden ressaltou a necessidade de a Rússia agir para interromper os grupos de ransomware que operam na Rússia e enfatizou que está comprometido com o envolvimento contínuo na ameaça mais ampla representada pelo ransomware“, disse um comunicado da Casa Branca, citando os ataques em que hackers sequestram dados de empresas e governos e obram resgate pela devolução.

Os governos ocidentais têm acusado os serviços de inteligência russos de estarem por trás dos ataques, acusação que Moscou reiteradamente nega. “Deixei bem claro que os Estados Unidos esperam, quando uma operação de ransomware está ocorrendo em seu solo, embora não seja patrocinada pelo Estado, que esperamos que eles ajam se dermos a eles informações suficientes para agir”, disse Biden, que prometeu consequência em caso de uma negativa por parte da Rússia.

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