Novo ataque hacker aos EUA acelera tensão pré-cúpula entre Washington e Moscou

Deputados dos EUA já pressionam para que Joe Biden endureça as sanções a Moscou após novos ataques à Usaid

O mais recente ataque às contas governamentais da Usaid (Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional, na sigla em inglês) tende a acelerar a tensão entre Washington e Moscou, dias antes da cúpula entre os dois países em Genebra, no dia 16, reportou a revista “Foreign Policy”.

O serviço de email usado pela agência humanitária foi invadido na terça (25). O link phishing inserido em mensagens de e-mail já afetou 3 mil contas em mais de 150 organizações de 24 países, afirmou a Microsoft.

Deputados norte-americanos pressionam para que Joe Biden tome uma posição mais dura em relação a Moscou, que nega relação com os ataques. Em abril, Washington lançou uma série de retaliações a agentes das forças russas depois que relatórios de inteligência ligaram o país à invasão do sistema SolarWinds, em novembro.

Novo ataque a sistema do Usaid acelera tensão pré-cúpula entre Washington e Moscou
Caixa de insumos enviada pela Usaid à Índia no combate à Covid-19, maio de 2021 (Foto: Divulgação/Usaid/Molly Rossi)

“Se Moscou for o responsável, esse ato descarado de utilizar e-mails associados ao governo dos EUA demonstra que a Rússia continua implacável, apesar das sanções após o ataque da SolarWinds”, disse o presidente democrata do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff. “Mais sanções são necessárias”, pontuou.

A inteligência dos EUA atribuiu os ataques ao Nobelium – grupo de hackers supostamente ligados ao serviço de inteligência da Rússia creditado pela invasão da SolarWinds. Autoridades já classificam a operação como a maior violação de espionagem cibernética da história dos EUA.

Extensão dos danos

Assim como no primeiro ataque, ainda é difícil precisar a extensão dos danos à Usaid. Especialistas da Microsoft, que chefia a rede de emails das instituições governamentais do país, apontam uma probabilidade de as invasões ainda estarem em andamento.

Em um dos emails com links contaminados, havia um alerta da Usaid ligado ao ex-presidente Donald Trump, relatou um funcionário não identificado. “Donald Trump publica novos documentos sobre fraude eleitoral”, dizia o texto com um link “ver documentos”.

Quando acessado, o endereço levava a arquivos maliciosos para roubar dados e infectar novos computadores. “Foi projetado para ser atraente a todos, independente do alinhamento político”, disse.

Moscou expulsou a Usaid em 2012, duas décadas depois da instalação, no fim da União Soviética, por acusações de “intromissão na política interna”. A porta-voz da agência, Pooja Jhunjhunwala, disse à FP que uma investigação está em andamento.

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