A Justiça de Belarus anunciou nesta segunda-feira a sentença de Maria Kalesnikava, uma das principais vozes de oposição ao presidente Alexander Lukashenko no país. El foi condenada a 11 anos de prisão por ter sido uma das principais figuras nos protestos pacíficos contra o governo belarusso após a eleição do líder local para seu sexto mandato, em agosto de 2020. As informações são da ONG Anistia Internacional.
Além dela, também foi condenado o advogado Maxime Znak, que recebeu uma sentença de dez anos de prisão. Os dois oposicionistas trabalharam para o candidato presidencial Viktor Babaryko, detido antes do pleito e impedido de concorrer. Ele foi condenado em julho a 14 anos de prisão, acusado de fraude.
“O processo e a prisão de Maria Kalesnikava e Maxime Znak pelas autoridades têm como objetivo esmagar as esperanças de milhões de pessoas de quem eles foram porta-vozes, uma geração de belarussos que aspiram por uma mudança pacífica e pelo respeito aos direitos humanos. Esses indivíduos corajosos agora vão passar grande parte de suas vidas na prisão por se levantarem contra Alexander Lukashenko e as forças repressivas de seu governo”, disse Bruce Millar, vice-diretor da Anistia Internacional para a Europa Oriental e Ásia Central.
Kalesnikava foi presa em setembro do ano passado e levada à fronteira com a Ucrânia, onde recebeu ordens para deixar o país. Em protesto, ela rasgou seu passaporte e se recusou a sair. Então, foi presa e acusada de conspirar para derrubar Lukashenklo.
“Ninguém vai esquecer a coragem da decisão de Maria de permanecer em Belarus, apesar da ameaça de uma longa sentença de prisão contra ela, que agora foi cumprida. Sua crença inabalável na liberdade de expressão e na dignidade humana tem sido um farol para as pessoas em todo o mundo. O que Maria e Maxime simbolizam e representam durará mais do que qualquer coisa que as autoridades jogarem contra eles”.
As acusações contra eles foram as de “conspiração para tomar o poder por meios inconstitucionais”, “criação e liderança de uma organização extremista” e “apelos para ações destinadas a causar danos à segurança nacional” usando os meios de comunicação e a Internet.
Por que isso importa?
Milhares de opositores ao regime de Lukashenko foram presos ou forçados ao exílio desde as controversas eleições no ano passado. O presidente, chamado de “último ditador da Europa”, está no poder desde 1994.
Mas a imagem autoritária não parece incomodar Lukashenko, mesmo em meio a protestos violentos e desconfiança crescente após a sexta reeleição em 2020, pleito com fortes indícios de fraude. A porta-voz do presidente, Natalya Eismont, chegou a afirmar em 2019, na televisão estatal, que a “ditadura é a marca” do governo de Belarus.
De lá para cá, as autoridades do país têm sufocado organizações não governamentais e a mídia independente como parte de uma repressão brutal contra cidadãos que contestam os resultados oficiais do pleito.