Lukashenko vence pleito parlamentar contestado e anuncia planos para reeleição

Apenas partidos alinhados com o ditador disputaram o pleito legislativo, com relatos de pessoas obrigadas a votar

Belarus realizou no domingo (25) suas eleições para o Poder Legislativo, que preencheram 110 cadeiras da câmera baixa do parlamento local. O pleito, classificado como uma “farsa” pelo governo dos EUA, foi celebrado pelo ditador Alexander Lukashenko, que aproveitou a oportunidade para anunciar os planos de se reeleger para seguir à frente do país depois de 2025.

“Os Estados Unidos condenam a farsa das eleições parlamentares e locais do regime de Lukashenko, que terminaram hoje em Belarus. As eleições decorreram num clima de medo, sob o qual nenhum processo eleitoral poderia ser considerado democrático”, disse o Departamento de Estado norte-americano, em comunicado assinado pelo porta-voz Matthew Miller.

No poder desde 1994, Alexander Lukashenko tem a famigerada alcunha de “o último ditador da Europa”(Foto: www.kremlin.ru/ikimedia Commons)

A rede Radio Free Europe (RFE) relatou que muitas pessoas foram intimidadas pelas forças de segurança para que comparecessem às zonas eleitorais, a fim de tentar oferecer alguma credibilidade ao pleito. O governo, diante de tal cenário, afirmou que o comparecimento às urnas foi de 74%.

Washington, mais uma vez, contestou o anúncio de Minsk e argumentou. “Foi negado o registo a todos os partidos políticos independentes. Os belarussos no estrangeiro só poderiam votar se regressassem a Minsk, onde provavelmente teriam enfrentado represálias”, afirmou Miller no texto.

A RFE reforçou a denúncia, igualmente dizendo que apenas partidos alinhados com o presidente foram autorizados a concorrer.

Svyatlana Tsikhanouskaya, líder oposicionista que se diz a real vencedora das eleições de 2020, usou sua conta na rede social X, antigo Twitter, para contestar o pleito e agradecer o apoio de seus aliados, entre os quais Washington e a União Europeia (UE).

“Sinceros agradecimentos a todos os nossos amigos e aliados que atenderam ao nosso apelo hoje para denunciar as eleições fraudulentas do regime. Este circo não transformará um ditador num democrata. Em vez disso, nos mostrou a unidade do mundo em apoio por Belarus livre”, disse ela.

O Conselho Europeu, em resposta ao contestado pleito, anunciou nesta segunda-feira (26) que vai “prolongar por mais um ano, até 28 de fevereiro de 2025, as medidas restritivas relacionadas à repressão interna em Belarus e ao apoio do regime à guerra da Rússia contra a Ucrânia.”

São sanções impostas a 233 indivíduos e 37 entidades, que ficam sujeitos ao congelamento de bens, à proibição de disponibilização de fundos e a proibições de viagens, entre outras medidas. Lukasnehko é um dos alvos.

Alheio à posição ocidental, o ditador aproveitou a oportunidade para anunciar que concorrerá à reeleição em 2025, de acordo com o jornal The Moscow Times. Ele está no poder desde 1994, e a previsível vitória no pleito presidencial do ano que vem poderá estender o governo dele para 36 anos.

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