Milícias rebeldes pró-Kiev prometem atacar a Rússia e falam em ‘marchar sobre Moscou’

Grupos divulgaram um comunicado no qual chamam as tropas russas de 'assassinas' e sugerem à população que fuja de áreas na fronteira

Os moradores de cidades russas nas regiões de Belgorod e Kursk, oeste da Rússia e perto da fronteira com a Ucrânia, foram orientados por milícias rebeldes pró-Kiev a evacuar as áreas, sob o argumento de que um grande ataque será realizado. Um membro dessas facções sugeriu até a possibilidade de derrubar o presidente Vladimir Putin. As informações são do jornal The Moscow Times.

O alerta foi feito através do aplicativo de mensagens Telegram, em um comunicado conjunto assinado por três milícias: Corpo de Voluntários Russos, Legião da Liberdade da Rússia e Batalhão Siberiano. Elas são formadas supostamente por cidadãos russos que se viraram contra o próprio país, embora tal informação careça de confirmação independente.

No texto, os grupos dizem que “os assassinos de Putin estão realizando ataques massivos contra cidades ucranianas pacíficas”, com “dezenas de pessoas comuns inocentes (principalmente mulheres e crianças)” mortas em meio aos bombardeios.

Combatentes da Legião da Liberdade da Rússia, grupo rebelde pró-Kiev (Foto: reprodução/Telegram)

Então, as milícias prometem responder com ações no território russo. “A este respeito, somos obrigados a incendiar posições militares localizadas nas cidades de Belgorod e Kursk”, diz o comunicado. “Para evitar vítimas civis, apelamos a todos que deixem as cidades imediatamente.”

Alexei Baranovsky, membro da Legião da Liberdade da Rússia, mostrou pretensões mais ambiciosas em entrevista à revista Newsweek. Segundo ele, seus companheiros pretendem “marchar sobre Moscou” em busca da “libertação da Rússia de Putin”. Esse objetivo, porém, pode ter que esperar: “Talvez não consigamos realizá-lo agora, mas essa é a nossa missão global”, acrescentou.

Rússia sob ataque

Na terça, Moscou relatou ter contido o que seria uma invasão no oeste do país, sem fazer qualquer referência ao fato de os agressores serem possivelmente russos. Disse apenas que suas Forças Amadas “frustraram uma tentativa do regime de Kiev de invadir o território fronteiriço da Federação Russa nas regiões de Belgorod e Kursk”, conforme postagem do Ministério da Defesa no Telegram.

Enquanto Moscou alega que tais grupos agem a mando da inteligência ucraniana, Kiev nega qualquer relação e afirma que eles atuam de forma independente. As ações dessas organizações são frequentes durante a guerra e costumavam ser atos de sabotagem, mas têm se diversificado cada vez mais.

Nos últimos dois dias, veículos de imprensa estatais russos noticiaram frequentes ataques em Belgorod e Kursk, sempre atribuídos às forças ucranianas. São bombardeios realizados por artilharia, mísseis supostamente neutralizados pela defesa antiaérea russa e ações de drones. Não há relatos de vítimas.

Andriy Yusov, porta-voz da inteligência militar ucraniana, negou que o país esteja por trás dos ataques em território russo, que segundo ele são de autoria do Corpo de Voluntários Russos. “No território da Federação Russa, eles agem de forma absolutamente autônoma, por conta própria, e realizam suas tarefas programáticas sociais e políticas”, disse a autoridade, segundo o site Business Insider.

O lado ucraniano sequer admite ser responsável pelos ataques com drones ao território russo, sendo que alguns deles atingiram refinarias de combustíveis nos últimos dias e causaram grandes incêndios. Kiev mantém, assim, uma negação plausível, sob o argumento de que age apenas em defesa de seu próprio país.

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