Rússia amanhece sob ataque de drones da Ucrânia e de grupos rebeldes locais pró-Kiev

Ofensiva aérea ucraniana atingiu dois depósitos de combustível e foi classificada por Moscou como um ato 'terrorista' de Kiev

A Rússia amanheceu sob ataque nesta terça-feira (12), conforme informou seu próprio governo. O Ministério da Defesa diz ter frustrado uma agressão de grupos rebeldes supostamente formados por russos que se voltaram contra o próprio país, enquanto drones ucranianos realizaram uma grande ofensiva em diversas áreas, inclusive nas imediações de Moscou.

A revista Newsweek afirma que o ataque com drones foi o maior realizado pela Ucrânia desde o início da guerra, com alvos visados em nove regiões da Rússia. A ofensiva teve início na noite de segunda-feira (11) e se estendeu até a manhã de terça.

“Nesta noite, uma tentativa do regime de Kiev de realizar um ataque terrorista usando 25 UAVs (veículos aéreos não tripulados, da sigla em inglês) do tipo aeronave contra alvos no território da Federação Russa foi interrompida”, disse o Ministério da Defesa russo, segundo a agência estatal de notícias RIA Novosti.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, usou a mesma expressão para classificar a ofensiva. “Nossos militares estão fazendo tudo o que é necessário, os sistemas de defesa antiaérea estão funcionando, é claro. Essa atividade terrorista continua tentando atingir alvos civis”, afirmou ele, segundo a Radio Sputnik.

Militar ucraniano segura drone usado na guerra contra a Rússia (Foto: x.com/DefenceU)
Alvos atingidos

Embora a Rússia alegue ter contido a maioria dos drones, ao menos três deles acertaram um depósito de petróleo na cidade de Oriol, no oeste do país e a cerca de 160 quilômetros da fronteira ucraniana. Os veículos de mídia estatal dizem que um incêndio se formou em uma área de cem metros quadrados por volta das 2h (horário local), com o fogo contido mais tarde.

Um segundo depósito de combustível foi atingido na região de Nizhny Novgorod, a cerca de mil quilômetros da fronteira com a Ucrânia. O fogo teria sido controlado rapidamente, conforme relato da RIA Novosti, que diz não haver vítimas.

O lado ucraniano manteve o silêncio habitual após a ofensiva, sob a regra de não comentar ataques dentro do território russo.

Ofensiva rebelde

As Forças Armadas russas também dizem ter sido bem-sucedidas em conter uma tentativa de invasão de grupos rebeldes armados no oeste do país.

O jornal The Moscow Times afirma que a ação foi realizada por batalhões que alegam ser formados por cidadãos russos que se viraram contra o próprio governo. Tal informação, entretanto, carece de verificação independente, devido à dificuldade de acessar as áreas onde atuam essas facções.

Moscou não faz qualquer referência ao fato de que os agressores são russos. Diz apenas que suas Forças Amadas “frustraram uma tentativa do regime de Kiev de invadir o território fronteiriço da Federação Russa nas regiões de Belgorod e Kursk”, conforme postagem do Ministério da Defesa no Telegram.

No mesmo texto, o governo afirma que uma tentativa de invasão ocorreu às 3h da manhã, enquanto outras quatro operações foram neutralizadas entre 8h e 8h25, sempre pelo horário russo. “No território fronteiriço do lado ucraniano, até 60 terroristas ucranianos foram neutralizados”, diz a mensagem.

De acordo com a agências Reuters, dois grupos rebeldes disseram ter realizado uma tentativa de invasão do território russo a partir da Ucrânia: a Legião da Liberdade da Rússia e o Batalhão Siberiano. Porém, não está claro se o Ministério da Defesa da Rússia se referiu justamente à operação dessas duas facções.

“Tomaremos nossas terras do regime centímetro por centímetro”, disse a Legião da Liberdade da Rússia em uma postagem no Telegram.

Enquanto Moscou alega que tais grupos agem a mando da inteligência ucraniana, Kiev nega qualquer relação e afirma que eles atuam de forma independente. As ações dessas organizações são frequentes durante a guerra e invariavelmente se concentram em atos de sabotagem.

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