O ativista de oposição russo Alexei Navalny foi hospitalizado nesta segunda (19) em estado grave, após três semanas de greve de fome. O serviço penitenciário russo afirmou que o político está no hospital da prisão e que já “apresenta condições satisfatórias”, registrou o diário britânico “Financial Times”.
A inconsistência dos boletins de saúde do político, porém, já geraram ameaça de novas sanções por parte de Washington caso Navalny morra na prisão. O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse à CNN que haveria “consequências” em caso de morte.
Detido desde janeiro, Navalny iniciou uma greve de fome por falta de atendimento médico adequado no último dia 1º. O ativista foi preso assim que retornou à Rússia após uma tentativa de envenenamento e meses em recuperação na Alemanha.
Navalny relata dores agudas nas costas e dormência nas pernas, remanescentes do ataque da substância novichok, usada no ataque. O ativista já alegou ter sofrido maus tratos na prisão, incluindo privação de sono. “Exijo que Moscou obedeça a lei e que um médico venha me visitar”, afirmou em mensagem publicada por seus advogados no Instagram.
No dia 8, os advogados denunciaram que guardas prisionais tentam interromper o protesto do político ao fritar alimentos na sua frente – sobretudo pão e frango. Os únicos medicamentos aos quais Navalny tem acesso são ibuprofeno e analgésicos tópicos.
Sullivan classificou o tratamento dado ao opositor como “totalmente injusto e impróprio”. Os EUA iniciaram uma série de sanções contra a Rússia, que envolveram a expulsão de dez diplomatas, na última quinta-feira (15). A UE (União Europeia), Reino Unido e França também expressaram preocupação sobre o tratamento dado a Navalny.
Adoecimento
O político quase morreu após uma tentativa de envenenamento por novichok em agosto de 2020 e passou meses em recuperação na Alemanha, motivo pelo qual foi sentenciado à prisão. Conforme a Justiça russa, Navalny teria violado os termos da liberdade condicional por uma condenação de 2014 por peculato.
O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos rejeita a condenação, a que define como “ilegal”, enquanto Navalny a classifica como “forjada”. Navalny cumpre dois anos e meio de prisão na penitenciária de Pokrov, próxima a Moscou.
“Este protestos não é só por mim, mas também por centenas de milhares de pessoas que não têm direitos”, escreveu a equipe de Navalny em seu Instagram. “Minha cabeça está girando muito, mas por enquanto estou seguindo [em frente] porque sinto o seu apoio. Obrigado”.